Devaneios
ÂNSIA
«As palavras são a nossa condenação. Com as palavras se ama, com as palavras se odeia. E, suprema irrisão, ama-se e odeia-se com as mesmas palavras!»
Eugénio de Andrade
Apesar da luz acesa da distância…
Não mais o tempo é ânsia.
Sinto a doce brisa de viver,
Que levou de mim o terror de ser.
Mergulho na luz das luas,
Quando, à noite, me perco pelas ruas.
A distância acesa como lume,
Que na névoa escreve o meu nome,
E me recorda da brisa dos jardins,
E do profundo existir que me consome.