Crónica
TEMPO DE BRINCADEIRA?
Luísa Santos
Este tempo só está para brincadeiras. Os que estão lá em cima passam o tempo todo a brincar connosco.
O céu adora as folias. Brincamos às escondidinhas com o Sol, mas é sempre ele a esconder-se, às caçadas com o vento e com a chuva, mas eles correm sempre mais rápido que nós e as “casas” são raras e geralmente já estão ocupadas.
Também no cume político brincam connosco. Jogamos ao telefone estragado – aquele jogo em que se passa-a-palavra de pessoa em pessoa até que o último desvirtua o inicialmente referido – pedimos que nos esclareçam quanto aos cortes em pensões, percebem que gostamos de calções. A brincadeira teria graça, caso tivesse graça alguma. Todavia, as brincadeiras não se esgotam. Por vezes, jogamos ao quente e frio quando tentamos procurar os nossos rendimentos e regalias. A resposta é sempre “frio, muito frio, gelado”. O dia acaba, a mãe chama-nos para casa e a importância continua por encontrar, o último a ir para casa guarda o brinquedo para dar no outro dia. Mas no dia seguinte esquece-se, no posterior joga-se outra vez, e o dono não vê mais o que lhe pertence.
As brincadeiras da meteorologia não cessam, mas esta é mais traquina. Sabem quando os miúdos se divertem com o ar condicionado e com as alterações climatéricas – num momento Brasil no seguinte Sibéria? É verdade, se achavam que aqueles calores repentinos seguidos de um frio ártico eram fruto de frentes frias ou outras condicionantes meteorológicas, desenganem-se! O tempo é um brincalhão!
E lá na política também nos desregulam a temperatura. Gelam-nos com as políticas e planos orçamentais e aquecem-nos com as promessas maravilhosas sustentadas em pisos de papel de vegetal.
Este tempo está só de brincadeiras, porque só a brincar se compreende. Mas não há tempo para estas brincadeiras, porque este tempo não é para brincar.
