Sociedade
DIA DO VOLUNTÁRIO: INSTITUIÇÕES APRESENTARAM-SE AOS ALUNOS
A “FAP no Bairro” inagurou esta conversa sobre o voluntariado. Uma das representantes do projeto da Federação Académica do Porto nesta mostra, começou por explicar que a iniciativa está instalada em dois bairros da cidade do Porto, no Bairro do Carriçal e no Bairro de Pinheiro Torres. “Damos apoio às crianças do bairro, elas saem da escola e podem ir para este centro para fazer os trabalhos de casa, onde têm uma mini biblioteca, computadores e onde podem estar acompanhadas em vez de andarem sozinhas ou em grupo pelo bairro. No Centro do Carriçal temos também o apoio às pessoas mais idosas. Temos um sítio onde podem ver televisão, filmes e promovemos cursos e workshops de informática gratuitos dados por estudantes da área de informática”, contou. Registou a afluência, a esta mostra, de estudantes interessados em colaborar com o projeto e a necessidade da existência deste tipo de iniciativas para se dar a conhecer projetos não tão conhecidos pelo público.
Margarida e Catarina do projeto NASA (Núcleo de Ação Social AEFFUP), afirmaram uma boa recetividade por parte dos visitantes da mostra, bem como uma valorização por parte dos mesmos relativamente ao trabalho desenvolvido por esta organização no âmbito do apoio a crianças, idosos e sem-abrigo. “Temos o projeto de apoio aos sem-abrigo. Apoiamos duas associações e ajudamos em distribuições de comida. Temos um projeto de apoio escolar na zona das fontainhas e da Sé, ajudamos as crianças a fazerem os trabalhos de casa, a estudar, acompanhando-os nesse percurso. Fazemos também rastreios cardiovasculares a lares de idosos.”
José Miguel Moreira, responsável pelo voluntariado do CDUP (Centro de Desporto da Universidade do Porto), explicou que atuam em diversas atividades desportivas dentro da universidade e a nível nacional. Com esta feira de voluntariado “pretendemos que as pessoas se interessem pelas nossas atividades, que nos ajudem e colaborem connosco. E para tudo isso nós precisamos de pessoas para ajudar, quem tiver interesse é sempre bem-vindo.” Sublinhou a intenção de conseguirem levar este projeto para a frente e o facto de que irão tentar acreditar as atividades realizadas, no âmbito do centro, na Comissão de Voluntariado da Universidade do Porto para que os estudantes que colaborem tenham a possibilidade de ter a menção no diploma. Referiu, ainda, que muito do sucesso das atividades se deve aos voluntários.Relativamente à valorização do voluntariado no âmbito da empregabilidade, sublinhou que ”se calhar a primeira forma de conquistar alguma experiência é através do voluntariado e, às vezes, os estudantes esquecem-se disso e acho que a Universidade do Porto faz bem em recordar esta vertente do voluntariado.”
Gil Machado, do Grupo de Estudantes Voluntários da FDUP, explicou que esta é uma inciativa direcionada para os estudantes da Faculdade de Direito e Criminologia, mas também dos mestrados. “Divide-se em duas valências principais, uma das quais é incentivar os estudantes a ajudarem quem está à frente dos voluntários, que é o Gabinete de Estudantes, Empregabilidade e Alumni da Faculdade de Direito. Por outro lado, temos uma valência mais social e comunitária que é ligada às associações que estão ligadas ao Gabinete de Apoio ao Estudante. O representante disse, ainda, que esta inciativa serve para mostrar o que fazem, para dar um contributo à sociedade e para ajudarem os alunos a desenvolverem-se como pessoas dentro da Faculdade de Direito.
Ana Luísa, Luísa, Ana Coelho e Raquel representaram a VO.U. nesta mostra. “A VOU.U. é voluntariado universitário, somos compostos por massas de estudantes de várias faculdades. Estamos divididos em três planos principais: Plano Vida, Plano Ponte e Plano Mundo”. Referiu o grande entusiasmo que sentiram nesta iniciativa dizendo que “é muito fácil, qualquer pessoa pode fazer voluntário. Basta se inscreverem no banco de voluntariado e passam a receber a informação toda que divulgamos.” Consideraram que cada vez existem mais jovens universitários interessados em ajudar e que a Universidade do Porto podia ajudar ainda mais no apoio.
Inês e Maria João representaram o SAED (Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência da Universidade do Porto). “Auxilia os estudantes no fornecimento de materiais, como por exemplo, documentos em braille, documentos em suporte informático para que posssam ouvir, no caso dos invisuais, para auxiliar nas aulas, na realização de trabalhos.”Sublinharam que a maior parte dos voluntários são ex-alunos ou alunos que ainda estão a realizar o curso.
Glória Pedro e José César explicaram, por fim, em que consistia a UCC da Boavista, (Unidade de Cuidados na Comunidade da Boavista) que promove o envelhecimento participativo e ativo na comunidade, apostando a nível domiciliário na prevenção de acidentes e gestão de medicamentos, sendo que foi criado um grupo de voluntários para dar apoio aos idosos.”Faço-lhe bem a ela e faz-me bem a mim”, disse Glória, falando da pessoa a quem faz companhia todas as semanas. Acrescentou que as iniciativas são muito importantes porque há muita gente a precisar de companhia e “cada vez devia haver mais”voluntários, concluiu.
Instituições privadas também marcaram presença
O Dia do Voluntariado da Universidade do Porto não contou apenas com
a presença de associações de voluntariado ligadas à UP. Outras instituições privadas quiseram dar-se a conhecer aos estudantes.
O porta-voz da Moa Portugal , uma organização privada, sem fins lucrativos, na área da saúde, cultura, agricultura, referiu a intenção de“formar pessoas saudáveis”e de “formar voluntários para trabalharem juntos.“ Disse ainda que espera ”que as pessoas tenham mais sentido voluntário para ajudar e para promover ações de entre-ajuda”. “Este país depende dos jovens portugueses. Acho que é importante promover mais o diálogo no quotidiano, não é só num evento. Ser voluntário não é só um dia e pronto. Diariamente é importante ter altruísmo e cuidar dos outros”, refere.
Manuel Marques, da Ajudaris, definiu o objetivo da associação dizendo que “angariamos fundos através de vários meios para os encaminharmos para quem precisa. Queremos darmo-nos a conhecer cada vez mais”. Relativamente a esta feira terminou sublinhando que, dessa forma, “criamos uma vontade de participar”.
Irene Barreira e Maria do Carmo falaram-nos da Associação Rumo à Vida, dedicada à ajuda a jovens e crianças deficientes “que não encontram nas escolas e instituições públicas a resposta adequada aos seus casos”. Duas mães que procuraram resposta aos obstáculos que os seus filhos encontraram, disseram que “a diferença tem de ser tratada com respeito. Não estamos a separar dos outros, pretendemos integrá-los na sociedade, estimulando-os a fazerem cada vez mais coisas. Temos agora um espaço novo cedido pela Câmara de Matosinhos, uma escola pública que foi reabilitada.” Referiram que a presença nesta feira é essencial para chamar estudantes e pessoas que queiram ajudar e para chamar à atenção que “ser diferente não é uma fatalidade, é só ser diferente”. Referiram que ser voluntário implica responsabilidade e que têm sentido uma maior disponibilidade por parte da comunidade.
Maria João Gonçalves conversou com o JUP sobre a Casa Ronald McDonald, “uma casa que acolhe famílias carenciadas e crianças com cancro que estão a ter cuidado de tratamentos no Hospital São João e no IPO. Acolhe famílias carenciadas que não têm muitos meios, e que são, normalmente, reencaminhadas pela ação social do hospital”. Afirmou que algumas pessoas não conhecem a casa, mas sentem uma grande recetividade. “Ser voluntário é uma característica de todos nós”, concluiu.
O SMAV (Serviço municipal de apoio ao voluntariado) também marcou presença nesta mostra. Consiste numa plataforma digital que está disponível online no site da Câmara Municipal do Porto, onde as instituições da cidade lançam ofertas e os candidatos se inscrevem. Referiu que “Não há grande adesão de voluntários universitários, é mais da população em geral, pessoas que querem ajudar as instituições. As instituições precisam de ajuda, mas precisam da ajuda certa.” Concluiu dizendo que as Associações de estudantes se deviam envolver mais para promover junto dos estudantes universitários.
G.A.S Porto tem protocolos com pequenas associações. João Marques diz que “nós candidatamo-nos ao G.A.S. Porto e dentro disso somos colocados dentro da nossa associação e fazemos esse voluntariado uma vez por semana.” Têm reuniões quinzenais na FEUP, fim de semanas de formação durante o ano e missões nacionais e internacionais durante o verão, em Timor e Moçambique. “As inscrições têm esgotado mais recentemente e anualmente há uma maior adesão.” Em relação ao papel na U.P na divulgação, considerou importante, mas referiu que pode ser sempre melhor e que dentro das faculdades poderia haver mais publicidade às associações de voluntariado.
Sónia, da MIACIS, explicou que a associação protege os animais e promove a esterilização de animais que vivem na rua, como forma de controlo da população. Referiu que inciativas deste género são sempre positivas e que tem que haver cada vez mais para a mensagem poder chegar ao público em geral. Referiu que as pessoas estão sempre muito interessadas em fazer voluntariado com animais e que as redes sociais são essenciais para o trabalho e, nomeadamente, facilitam o pedido de donativos.
O voluntariado não tem fronteiras
Algumas instituições estiveram presentes para demonstrar que o voluntariado não tem fronteiras. Organizadas no Porto, mas destinadas a ajudar pessoas dos países menos desenvolvidos, algumas associações contaram ao JUP como ultrapassam a distância.
A GAS’ África, uma organização da Universidade Católica do Porto, esteve representada por Rogério Sousa, que referiu que qualquer aluno de qualquer universidade pode participar e também pessoas de fora, até 35 anos. O GAS África faz “voluntariado nos países de língua oficial portuguesa. Já faz missões em Guiné- Bissau, Cabo Verde, Angola e Moçambique. As missões são mais orientadas para trabalhar os direitos humanos, o desenvolvimento pessoal, apoios a instituições de crianças, idosos, sendo que já trabalhamos em prisões também.” O representante da associeação sublinhou o interesse dos alunos que passaram pela mostra e a sua generosidade, uma vez que alguns fizeram pequenos donativos, avaliando este dia como muito positivo.
Também a MOVE atua em três países africanos: São Tomé e Princípe, Moçambique e Timor-Leste e ajuda no desenvolvimento do empreendedorismo e na formação de pequenos empreendedores nesses mesmos países. Juliana faz parte da equipa e explicou que“o voluntário tem a oportunidade de ficar seis meses nesses três terrenos e ajudar com ações empreendedoras. Atuamos também em Portugal com o projeto PROMOVE, no acompanhamento e formação técnica de desempregados de baixa qualificação.” Referiu que as pessoas se mostram muito interessadas, por ser uma oportunidade de conhecer novas realidades, e que “muitos recém formados não têm oportunidade de aplicar os seus conhecimentos, e este programa de seis meses é diretamente à aplicação desses conhecimentos.“
Todas as instituições sublinharam o facto de existirem cada vez mais pessoas interessadas em fazer voluntariado, a importância desta mostra e de se criarem cada vez mais iniciativas, neste e noutros formatos, que permitam a divulgação não só das instituições mas do voluntariado em si.
Foi ressalvado que é imperativo nas próprias faculdades chamar a atenção dos estudantes para a existência de projetos de voluntariado e que as redes sociais são plataformas fundamentais para se fazer chegar a um grande número de pessoas projetos, iniciativas e organizações neste âmbito da ação social. Foi sublinhado o bom trabalho que a Universidade do Porto tem vindo a realizar no que diz respeito ao apoio à divulgação de projetos de voluntariado, mas consideraram que há sempre trabalho a fazer.