Connect with us

Cultura

FÓRUM DO FUTURO: A MÚSICA É DE TODOS

Published

on

Ontem, dia 6 de novembro pelas 18h30, teve lugar na Sala 2 da Casa da Música o encontro “A Música como caminho para a felicidade. Haverá final feliz?”, que decorreu no âmbito do festival internacional de pensamento Fórum do Futuro.

Com a sala bastante cheia, a sessão começou com a performance do Som da Rua, um projeto de inclusão social do Serviço Educativo da Casa da Música, composto por sem-abrigo da cidade do Porto. Os artistas seguiam as indicações do maestro Jorge Prendas, diretor musical do projeto, e da banda que os acompanhou, tocando os instrumentos feitos de material reciclado: garrafas de plástico, embalagens de iogurtes, tampas e garrafões de vinho, tudo serviu para fazer música. Com um leque variado de idades, o grupo apresentou um total de cinco músicas, que se focaram sobretudo na vida dos sem-abrigo na cidade. Foram desde as mais animadas até às mais calmas e emotivas, tanto para quem assistia, como para quem atuava. Quando se ouviu “É o Porto, é o meu Porto, onde uma simples canção, cantada no meu sotaque, traz o lume ao coração”, a sala fez silêncio. No final, a plateia cantou “Porto é a cidade onde vivo. Porto, onde eu vou, tu vens comigo” e aplaudiu, efusivamente, de pé. A alegria e satisfação na sala eram notórias. Houve ainda tempo para uma breve palavra do maestro, que referiu que o grupo é feito pelas pessoas que “conhecem a cidade melhor do que ninguém”. Terminou com uma mensagem de incentivo a todos os que queiram colaborar com a iniciativa.

Depois de um início marcado pela música, a conferência de Paul Griffiths e Matt Peacock, tomou o palco. João Teixeira Lopes, sociólogo e docente na Universidade do Porto, na posição de moderador, arrancou o momento com uma breve apresentação da biografia e trabalho desenvolvido pelos dois convidados e passou a palavra a Paul Griffiths.

Griffiths, professor de música, líder de projetos, compositor e performer, começou por agradecer o convite a uma Casa que já visita há 10 anos e onde realiza vários workshops, “por amor à música”. “Trabalhar aqui na Casa da Música, tem sido fantástico”, afirmou o convidado. Falou, também, um pouco acerca do seu trabalho como freelancer e como isso o permitiu trabalhar em áreas tão diversificadas. “Alguma vez tiveram aquela sensação de que não pertenciam a um determinado lugar?”, questionou o artista britânico. Paul respondeu de imediato à questão, afirmando que ele próprio já se sentiu assim e não sabia do que é que andava à procura. Foi com esta questão que iniciou um percurso que, segundo ele, pretende “encontrar os meios para nos ajudar a descobrir quem somos”.

Trabalhou em escolas, centros de dia, hospitais, ajudou sem-abrigo, refugiados e comunidades mais pobres. Além disso, faz parte de projetos na Antuérpia, no Afeganistão, entre outros, sempre com o objetivo de “criar música”. Um dos projectos apresentados em vídeo nesta conferência foi o Dialogue Festival, um evento realizado todos os anos, que envolve várias comunidades para incentivar a comunicação entre elas. “Para muitas pessoas, encontrar essa sensação de pertença é muito importante”, refere Griffiths, acrescentando que é essencial juntar pessoas e formar novas comunidades. “Eu adoro partilhar a minha música e tudo o que aprendi sobre ela”, disse o músico.

Depois de ser apresentado um segundo vídeo, chegou a vez de Matt Peacock dar o seu testemunho. O jornalista e crítico de ópera começou por referir o grande privilégio de participar no evento e de ter presenciado a atuação do grupo Som da Rua, algo que já queria fazer há 10 anos, referindo-se à ocasião como uma realização profissional e pessoal. Apresentou a Streetwise Opera, a sua companhia de ópera para os sem-abrigo de Londres, que pretende proporcionar o bem-estar e inclusão social dos mesmos. “Ajudar os sem-abrigo não é só em relação a casas. É ajudar as pessoas a se sentirem bem com o que são e com o que fazem, fazer com que se sintam felizes.”

De seguida, Matt falou acerca de alguns dos valores centrais da sua companhia – “Os sem-abrigo não podem ser ignorados”. E o objetivo do jornalista é dar-lhes voz, tendo sempre presente que “as artes aumentam o bem-estar das pessoas”.

A apresentação terminou com uma mensagem de incentivo. “Se acreditarem que eles [os sem-abrigo] conseguem alcançar grandes feitos, estão a dar-lhes confiança para acreditarem em si mesmos”.

O encontro terminou com questões e comentários da plateia e com duas ideias finais. Paul Griffiths disse que é necessário fazer mais e que há “um longo caminho a percorrer.” Matt Peacock terminou referindo que “as artes podem fazer uma diferença enorme numa comunidade” e que devem ser tratadas como um direito humano e não um luxo.

 

 

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *