Cultura
SEIVA TRUPE ESTREIA “A COLEIRA DE BÓRIS” NA CASA DAS ARTES
O texto é de Sérgio Roveri e explora o “encontro” de dois corpos, duas coisas, duas ideias. Dois prisioneiros que nunca se veem argumentam ao longo de uma noite. Ficam-nos na memória os temas do isolamento (físico e mental), do poder da imaginação e da esperança. O primeiro enclausurado é o mais velho e, por ser mais racional e ter menos esperança, talvez o mais sensato. O outro acaba de chegar, cheio de vigor e sonhos para uma vida diferente “no outro lado”.
O dramaturgo brasileiro explica no programa que se inspirou na história de uma empregada dos pais de uma amiga, que foi presa depois de tentar ilegalmente entrar nos Estados Unidos. Em palco, porém, não é de uma pátria específica de que se fala, mas do conceito lato de fuga e de uma nova liberdade. Ainda serão os prisioneiros livres, mesmo dentro de uma cela?
O cenário simples, mas realista, deixa espaço para imaginarmos que tudo possa estar a acontecer, afinal, num hospício ou apenas na mente das personagens. É um sistema aberto e antagónico de vontades e desejos individuais, em que os diálogos são assertivos e profundos, mas podem dar aso a múltiplas interpretações por parte do público.
Duas personagens apenas, mas que carregam em si infindáveis questões sociais e reflexões sobre a existência e sobre a utilidade da liberdade (se a tivermos realmente).
A interpretação é de Rui Spranger e Pedro Dias e a ficha técnica conta, ainda, com: José Carlos Barros, responsável pela cenografia, Júlio Filipe, responsável pelo desenho da luz, Daniel Oliveira, assistente de encenação, e Seiva Trupe na produção.
“Coleira de Bóris” ainda está em cena para ser vista por maiores de 12 anos, nos dias 13, 14 e 15 de novembro, na Casa das Artes, no Porto.