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Cultura

BAMBOLEANDO NA PISTA

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A banda natural do Barreiro, bem conhecida pelo público, já anda nestas vidas desde 2013, com a estreia do EP homónimo “PISTA”, gravado no estúdio King pelo Nick Nicotine. Algumas músicas deste EP integram também este novo álbum – “Bamboleio”. Foi no Maus Hábitos – Espaço de Intervenção Cultural no Porto, que a banda deu um concerto cheio de “Sal Mões”, flores, ondas tropicais e “Abanar de Anca”. Quisemos saber mais sobre estes artistas e sobre este projeto e fomos falar com a banda antes do concerto que, apesar de pouco lotado, não foi razão para que não houvesse festa à moda dos PISTA.

 

Quem são os PISTA? Apresentem-se.

PISTA: Olá, eu sou o Bruno, sou baterista. Olá, eu sou o Cláudio, sou guitarrista. Eu sou o Ernesto e sou guitarrista também.

Cláudio: Todos cantamos.

Como surgiu o nome PISTA?

Cláudio: PISTA começou como um duo. Eu e o Bruno já tocávamos há algum tempo e houve uma altura em que nos cruzámos em Londres, ele já lá estava e eu vivi lá uns meses, e fomos tocar. Era o que fazíamos nos sábados à tarde. Entretanto voltei e passado um ano o Bruno voltou também.

Bruno: Se calhar passávamos mais tempo no terraço a beber cerveja do que a tocar (risos).

Cláudio: Durante o verão de 2013 queríamos tocar, dar uns concertos e pensamos: “opá, precisamos de um nome”. Como nessa altura andávamos de bicicleta e éramos um bocado aficionados na cena do ciclismo de pista, surgiu o nome: PISTA! Pista de dança, pista enquanto modalidade… Gravámos o EP em Setembro e lançámo-lo em Outubro. Em 2014 pensámos “este nome é giro e tal, o que é que poderíamos fazer agora?” e lembramo-nos do Ernesto que já tocava comigo na Nicotine’s Orchestra.

Ernesto: Desde então, o som tem mudado, porque o Cláudio fazia as melodias e ritmos da guitarra sozinho e isso poderia ser difícil, então acabamos por dividir as guitarras e arranjar um equilíbrio funcional. O que torna a coisa mais interessante também.

 

Se tivessem que mencionar as vossas maiores influências neste projeto quais seriam?

Cláudio: Alegria, ritmo e a vontade de abanar o corpo (risos).

E em termos de bandas?

Cláudio: É uma pergunta complicada, porque tanto recorremos a ritmos africanos e alguma essência latina, como também ao crowd rock alemão e a uma boa dose de rock americano e britânico.

Bruno: Não há bandas específicas.

Como é que correu ontem em Lisboa?

Ernesto: Correu muito melhor do que aquilo que poderíamos esperar. Foi fantástico.

Cláudio: Nós anunciamos a coisa como um concerto com amigos, uma grande festa e, no final, foi mais do que isso, superou as expectativas, divertimo-nos imenso.

Ernesto: Era fantástico estares a tocar com pessoas com quem cresceste e atrás de ti estar uma muralha de gente, assim como à frente. Chegaram a estar 11 pessoas em palco com 6 guitarras, baixo, sintetizadores, baterias…

Cláudio: Foi épico! Estás ali com músicas que criaste e é uma coisa tua. Estás ali a lançar o teu disco e, de repente, há pessoas que se estão a divertir e isso é incrível.

O que é que mudou desde o lançamento do primeiro EP e dos primeiros singles para este novo álbum? Qual foi a evolução?

Cláudio: A forma. O EP e o single “Puxa”, que roda na rádio, é tocado por mim e pelo Bruno. Mas o EP é mais cru e o single é algo em que se investe mais. E isso leva-nos ao Ernesto.

Bruno: É uma banda a três.

Cláudio: Sim, passas a ter duas guitarras e uma bateria com vida própria.

Bruno: É comunicar de uma forma própria e em sintonia. Parece que estamos os três a dizer a mesma coisa de uma forma diferente. A mensagem é só uma, mas são três pessoas a trabalhar para que ela saia. Cada um põe um input diferente, junta-se tudo e sai um produto final para as pessoas. É engraçado.

Acham que a vossa música tem um público abrangente? É para quem quiser?

Bruno: Como o Cláudio disse uma outra vez e eu concordo, é para quem quiser abanar a anca (risos).

Cláudio: Pode chegar a qualquer pessoa. Neste momento, acho que fazemos música generalista. Pode chegar aos meus pais…

Por falar nisso, qual é o feedback dos vossos amigos, família, pessoas mais próximas?

Cláudio: Orgulho tem sido uma palavra muito repetida nestas últimas semanas e desde o ano passado, com o Vodafone Band Scouting, que a Vodafone também nos tem apoiado imenso.

A nível do panorama nacional musical, qual é o vosso parecer relativamente ao que se passa em Portugal na música?

Claudio: Acima de tudo, acho que estamos a viver um período musical muito bom. Há projetos muito bons, no rock mais pop, mais instrumental. Há cada vez mais pessoas a fazer coisas e cada vez melhores. Também há a facilidade, espaços e festivais quase dedicados só a música portuguesa. Tens público.

Bruno: Acho que é mútuo. O crescimento é tanto dos músicos como das pessoas. Estas aprenderam a ouvir mais o que é a musica portuguesa e os artistas começaram a querem mostra-se mais. O público está mais aberto, abrem mais a mente para o que se está a fazer cá. E quem está a fazer aqui, tem mais motivação para fazer mais e melhor. Acho que é isso. As pessoas deixaram de ser tão quadradas, porque o que se faz lá fora já não é o que é bom… Já não é assim.

Ernesto: Vivemos um panorama musical muito bom, só tenho pena que o jazz continue um bocado de parte, porque temos desde composições a músicos… Temos de educar o público. Há na música portuguesa, em todos os campos, pessoas fantásticas, com as melhores intenções e com muita originalidade.

Qual foi o melhor concerto que deram até hoje?

Cláudio: Foi ontem.

Quem é a editora?

Cláudio: É uma parceria entre a Pontiac e o CTL Musicbox. E faz hoje nove meses que saímos do estúdio com um disco gravado.

Bruno: É um bebé.

Cláudio: E ontem foi o culminar disto tudo.

O que podemos esperar dos PISTA daqui em diante?

Cláudio: Temos coisas para anunciar ou para dar destaque, diria 1 ou 2 singles com direito a videoclip. No entanto, desde que saímos do estúdio há 9 meses, andamos a pensar num novo disco, é inegável. Hoje, por exemplo, vamos tocar um tema novo.

Para além de PISTA, há projetos a decorrer à parte?

Bruno: Eu e o Ernesto tocamos na Frente Popular com amigos nossos. É um género de canto de reivindicação.

Ernesto: Desde música de intervenção, temas de Zeca Afonso, música francesa… O Bruno é baterista, eu sou guitarrista, o vocalista é o Zé Carapinha. O Tiago Sousa está nas teclas, a Diana Meira na voz e o João Jesus no baixo.

Bruno: E os Alquimista, que é um projeto post rock. No próximo ano, com muita calma, vamos pôr o trabalho cá fora. Talvez saia um EP, algo que mostre só um pouco.

Cláudio: Eu toco em Cangarra, em Blacklag e Nicotine’s Orchestra com o Ernesto.

 

Como é que vai ser a nível de próximos concertos, tours, festivais?

Cláudio: Vamos ter um verão giro. Já tivemos um verão 2015 assim, não em quantidade mas em qualidade. Não podemos anunciar nada ainda, mas já temos coisas marcadas até setembro e mais virão.

Ernesto: Vamos ao Rock in Rio (risos).

Cláudio: Sim, tocar com os Queen.

Se tivessem que descrever os PISTA numa palavra, qual seria?

Ernesto: Alegria.

Bruno: Partilha.

Cláudio: Podemos não parecer as pessoas mais alegres e enérgicas do mundo aqui, mas na música que fazemos a missão é canalizar todas essas coisas nas quantidades que existem em cada um de nós e partilhá-las com as pessoas.

Já tocaram lá fora?

Cláudio: Nós estivemos no Quintanilha Rock.

Ernesto: A 5 metros de Espanha. Vá, 10 metros (risos).

Cláudio: Nunca tocámos la fora, mas queremos e temos planos para que isso aconteça este ano.

 

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