SOMOS BONS A SER HIPÓCRITAS, NÃO SOMOS?

Os homens podem ser mulheres? E as mulheres podem ser homens? Não. Cada um é o que é e se há coisa que temos a certeza é de que um homem é um homem e uma mulher é uma mulher. Então, por que raio haveriam os dois sexos de partilhar as mesmas regalias e/ou as mesmas injustiças? Ah a contínua teoria do macho superior!

Tantas e tantas vezes ouvimos isto repetido ao tutano. Tantas e tantas vezes é-se ignorante. O macho é o melhor, está certo. Mas na realidade é a fêmea que faz todo o trabalho que vem por trás. É ela que prepara tudo para ele ficar com os louros. Será isso justo? Não. Claro que não! Felizmente, o panorama social em que vivemos está em constante mudança.

Hoje, existem mulheres engenheiras civis e homens com funções domésticas. E não há vergonha, não pode haver vergonha. Ninguém definiu que este devia ser superior àquele. Sendo assim, por que haveríamos nós – comuns mortais – de assumir que há trabalhos para uns e trabalhos para outros?

A mulher limpa melhor a casa? O homem calceta melhor as ruas? Hum, não me parece. Então, mas os melhores chefes não são, preconceituosamente falando, homens? Isso não era, afinal, uma tarefa de mulher? E o jornalismo, essa profissão tão nobre, não está, hoje em dia, invadido por mulheres?

A guerra dos sexos já há muito que perdeu o seu nexo. Lutar pela igualdade de salários, de crítica construtiva e anular a hipocrisia, isso sim, isso faz a diferença para a igualdade. Insistir na diferença é tão démodé. Ao tanto tentar ser-se diferente, acaba-se sempre na redundância do início da espécie: todos nascemos e morremos, com uma história para escrever pelo meio.

Mulher ou homem, temos todos o mesmo fim. Conhecemos os mesmos sentimentos, uns mais, outros menos. Rimos, choramos e por vezes até gritamos. Tudo para provar, porventura, que somos alguém neste espaço vazio de direitos a que chamamos mundo.

Tu não és superior a mim e eu não sou superior a ti. Soa bem no papel.

Somos bons a ser hipócritas, não somos?