Artigo de Opinião

Kiss of The Rabbit God

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A obsessão deste mês é Kiss of The Rabbit God, uma curta metragem de Andrew Thomas Huang, lançada em 2019. Um conto de autoaceitação, conduzido através de um erotismo proibido que surpreende e arrebata os espectadores.

É neste contexto que conhecemos Matt e Shen. Matt leva a cabo uma vida mundana a trabalhar freneticamente num restaurante. É quando conhece Shen que todo o seu mundo vira do avesso. Os rapazes envolvem-se rapidamente numa relação intensa e fascinante, que por fim se desenrola numa reviravolta inesperada, mas prazerosa.

A cinematografia é estupenda. A câmara assume a posição de um observador extremamente próximo, eliminando o espaço entre a ação e o espectador. Sentimos todos os barulhos, embaraços e até as respirações dos personagens. Somos obrigados a acompanhar o ambiente delirante deste restaurante, cujo reflete o estado de ansiedade da personagem principal. A imagem estabiliza apenas quando aparece Shen, prevendo a sua importância na jornada de Matt. O primeiro representa a liberdade e a ousadia, e o segundo representa o medo e a auto depreciação.

A interação entre os dois é de tirar o fôlego, e a tensão é palpável. Por mais que o realismo das contracenas dê vontade de desviar o olhar, os atores fizeram um ótimo trabalho em compelir a atenção do observador. Envolvem-nos num secretismo sensual, sentimento que temos ao assistir o filme. Partilhamos das emoções dos rapazes e ficamos completamente à mercê deste Rabbit God: o deus dos amantes secretos.

Uma obra magnífica sobre autodescoberta e aceitação. Um conto sobre a tentação de sermos ousados o suficiente para nos aceitarmos a nós mesmos. Andrew Thomas Huang consegue abordar estas temáticas de uma forma subtil e madura, ao mesmo tempo que provoca uma excitação jovial no espectador. Kiss of The Rabbit God é uma curta destemida que definitivamente elevou a qualidade do cinema LGBTQI+.

Artigo da autoria de Ana Magalhães

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