Crítica

A Cultura como Necessidade Básica

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Após a recente divulgação do estudo nacional indicador de que mais de metade da população portuguesa não lê livros, dei por mim a refletir nos porquês. Em verdade, devaneei além de uma população leitora diminuta, portando-me para todo o luxo cultural ao qual somos expostos.

Ignorantes, desinformados e insuficientemente instruídos – é como pincelam o povo português. É triste. Um país de árduo acesso à cultura, à educação e até mesmo à saúde. A que se deve, portanto, a inexistência de hábitos de leitura, as idas esporádicas ao cinema e teatro, e a enorme facilidade em encontrar plataformas gratuitas de transmissão de música e filmes?

Em Portugal, o dinheiro dita o quão ricos culturalmente somos. Na hipótese de este ser escasso, reunimos duas alternativas: recorrer a outros modos de aceder às fontes, como, neste caso em específico, procurar livros de língua inglesa ou em segunda mão, ou aceitamos espontaneamente o título de desleixados e toscos.

Adormecidos por uma pandemia mundial, apercebo-me que a cultura, por sua natureza, salva vidas, e de modo algum deveria ser alcançada por uma reles minoria. Após estes dois morosos anos carregados de emoções à flor da pele, queremos lotar-nos de experiências individualmente enriquecedoras, contudo, a crise descendente de um surto pandémico fala mais alto, e em nada se parece alinhar com esta riqueza cultural percetível entre notas e moedas.

Mas porque assim o é? Entendo a cultura como uma necessidade, uma experiência provedora de inteligência emocional, beleza e reflexão. E cogitar que um mundo sem a mesma é humanamente concebível é, para mim, um mundo débil onde a sabedoria e bem-estar são colocados em segundo plano.

Artigo da autoria de Sara Terroso

 

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