Ciência e Saúde

TIGRES: O CAMINHO DA CONSERVAÇÃO

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Fonte: Pixabay

Em 2016, foi reportado pelo World Wildlife Fund (WWF) um aumento na população mundial de tigres. Neste ano, estimava-se que existissem cerca de 3900 tigres selvagens.

Há um século, calculava-se que existissem cem mil tigres na natureza, mas os números indicam um acentuado decréscimo, com o território atual a rondar apenas seis porcento daquele de que havia registo (dados da IUCN). De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), de momento, existem populações selvagens no Bangladesh, Butão, Índia, Indonésia, Malásia, Nepal, Tailândia e Rússia. A Índia, país que possui uma grande parte da população mundial de tigres, tem reunido diversos esforços ao longo das últimas décadas no sentido de proteger a espécie. Entre eles, destaca-se a ação da National Tiger Conservation Authority (NTCA), responsável pela gestão de 49 reservas e pelo All-India Tiger Estimation, um censo para estimar o número de tigres existentes no território (elaborado de 4 em 4 anos, os próximos resultados são esperados no presente ano).

Mas não é apenas na Ásia que há empenho para a conservação dos tigres. Só neste ano e no anterior, diversos jardins zoológicos na Áustria, República ChecaEstados Unidos, Canadá, entre outros locais reportaram o nascimento de crias. A reintrodução é o principal objetivo dos jardins zoológicos, no entanto, existem situações em que tal é muito difícil de alcançar. Os espécimes em cativeiro devem, antes de serem libertados, ser treinados para reintrodução. De acordo com Mike Baltzer, líder da WWF’s Tigers Alive Initiative, o processo de reintrodução é longo e dispendioso. Baltzer refere que “reintroduzir os tigres é a parte fácil, mas proteger os habitats e as presas é ainda mais complexo”.

Entre os países onde existem populações selvagens, estabeleceu-se como objetivo do Global Tiger Recovery Program que, em 2022 (o próximo ano do Tigre de acordo com o calendário lunar chinês), a população mundial aumentar para 6000 tigres. No percurso encontram-se diversos obstáculos, como a caça furtiva para obtenção de ossos (reportados como valiosos para a medicina tradicional chinesa), dentes, garras e pele, assim como a escassez de presas (que por vezes são também caçadas para consumo humano ou por outros carnívoros), e a destruição de habitats para expansão de cidades e agricultura.

Existe a hipótese de que a chave para o sucesso na conservação dos tigres esteja escondida nos genes. O tigre de Bengala possui uma elevada variabilidade genética, que é associada a uma melhor adaptação a novos habitats e parece explicar porque é que esta é a subespécie mais abundante. Uma das soluções possíveis para aumentar a variabilidade de outras subespécies é o cruzamento de subespécies diferentes, como foi sugerido por biólogos da Universidade de Stanford. A variabilidade genética é também assegurada pelos projetos de reprodução em cativeiro, levados a cabo por jardins e parques zoológicos.

Na infografia abaixo, é possível ler os últimos dados disponibilizados pela IUCN para estimativas da população, em número por país, relativos a abril de 2016. No esquema, cada desenho de tigre simboliza 50 espécimes. Prevê-se que a população selvagem esteja em crescimento, de acordo com diversas organizações de conservação animal. Para que o objetivo do Global Tiger Recovery Program seja cumprido, será necessário um grande empenho da comunidade internacional e consciencialização da população para que esta assuma um papel mais ativo na conservação destes grandes felinos.

Fonte: WWF Tigers

O tigre (Panthera tigris) é classificado em sete subespécies documentadas na base de dados NCBI Taxonomy: o tigre de Amur/siberiano (Panthera tigris altaica), o tigre de Amoy (Panthera tigris amoyensis), o tigre indochinês (Panthera tigris corbetti), o tigre malaio (Panthera tigris jacksoni), o já extinto tigre de Java (Panthera tigris sondaica), tigre da Sumatra (Panthera tigris sumatrae) e tigre de Bengala (Panthera tigris tigris). Já existiram outras duas subespécies, o tigre do Bali (Panthera tigris balica) e o tigre do Cáspio (Panthera tigris virgata), ambas extintas há mais de uma década.  Esta taxonomia foi revista em 2017 pela Cat Classification Task Force (IUCN Cat Specialist Group) e são atualmente consideradas apenas duas subespécies, a P. t. tigris para tigres da Ásia Continental e a P. t. sondaica para tigres das ilhas Sunda (tigre da Sumatra e tigre de Java). A conservação dos tigres e de outros grandes felinos é essencial para o equilíbrio dos ecossistemas, pois os grandes carnívoros têm um papel muito importante no controlo das populações de diversos herbívoros e, por isso, decréscimos resultam em graves repercussões na cadeia trófica.

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