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Ciência e Saúde

INFLUENZA: DA GRIPE SAZONAL ATÉ À PANDEMIA

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Fonte: jbhnews.com

Fonte: jbhnews.com

A partir de hoje, é possível tomar a vacina nos centros de saúde ou adquiri-la numa farmácia. Para os doentes crónicos, idosos, profissionais de saúde ou bombeiros com recomendação nesse sentido, está disponível gratuitamente. Na Norma nº 018/2018 da Direção Geral de Saúde encontra-se toda a informação relativa às recomendações para a época vacinal de 2018/2019.

A gripe é uma doença aguda, viral, cujo agente é o vírus Influenza, transmissível e passível de causar complicações, com predominância nas vias respiratórias. Segundo o SNS (Serviço Nacional de Saúde), o vírus da gripe sazonal surge primordialmente entre novembro e março, no hemisfério Norte, e entre abril e setembro, no hemisfério Sul. Em Portugal, o pico da atividade gripal ocorre entre dezembro e fevereiro.

O vírus da gripe é transmitido através de partículas de saliva presentes em espirros ou tosse de indivíduos infetados. O contacto com partes do corpo ou superfícies contaminadas também pode ser uma forma de transmissão. O SNS recomenda assim a lavagem frequente das mãos, proteger a boca com um lenço de papel ou com o antebraço quando espirrar ou tossir e evitar contacto com pessoas infetadas como medidas de prevenção. A vacina é aconselhada principalmente em faixas etárias mais vulneráveis a complicações derivadas da infeção, em grávidas e doentes imunocomprometidos. O medicamento não deve ser administrado a pessoas com alergia às proteínas do ovo, uma vez que poderá desencadear uma reação anafilática.

No ano passado, de acordo com a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, foi registada a maior cobertura vacinal de sempre em indivíduos com mais de 65 anos, com mais de um milhão e 200 mil vacinas administradas. De acordo com o SNS, a vacina reduz o risco de contrair infeção, por conter o vírus no estado inativo. Isto permite ao sistema imune um reconhecimento mais rápido e adequado do vírus quando ocorre uma verdadeira infeção. Assim, quando infetado, um indivíduo vacinado terá menos risco de complicações em comparação com um indivíduo não vacinado. No caso da vacina da gripe, ao contrário de outras vacinas, a proteção que é conferida não o é a longo prazo devido à elevada adaptabilidade do vírus, resultante da permanente pressão seletiva exercida pelo sistema imune dos hospedeiros e das suas características estruturais. Também neste artigo do JUP poderá encontrar mais informações sobre o funcionamento das vacinas.

A vacina trivalente desta época contém as estirpes virais A(H1N1)pdm09 idêntica a A/Michigan/45/2015, A(H3N2)pdm09 idêntica a A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 e B (linhagem Victoria) idêntica a B/Colorado/06/2017.

De acordo com um artigo publicado no Medical Clinics of North America, o vírus Influenza que infeta humanos pode apresentar-se de três formas – A, B e C – das quais apenas uma (A) apresentou capacidade de gerar pandemia, até hoje. As gripes sazonais são formas não agressivas de Influenza A (segundo a OMS, principalmente H1N1 ou H3N2) ou B. O Influenza possui duas glicoproteínas (hemaglutinina e neuraminidase) na sua superfície que podem ser classificadas em diversos subtipos. As combinações dos subtipos são a base da nomenclatura dos vírus Influenza (por exemplo, H5N1 é um vírus Influenza que apresenta hemaglutinina 5 e neuraminidase 1). Nos humanos só se encontram os subtipos H1, H2 e H3 e N1 e N2, mas em aves é possível encontrar um maior número de subtipos.

A OMS considera que os animais, em particular aves e suínos, são o principal reservatório de vírus Influenza. A estirpe H1N1, classificada como pandémica em 2009, teve origem em suínos. Em 1997 foram reportados casos de gripe das aves (H5N1) na Ásia, que foi controlada com o abate de mais de 1,5 milhões de aves domésticas. Embora, quando transmitido para humanos, cause uma taxa de mortalidade próxima de 50%, de acordo com a ASAE, o H5N1 é de difícil transmissibilidade a humanos e entre humanos.

Surtos de Influenza do século XX e XXI Fonte: www.smh.com.au/

Surtos de Influenza do século XX e XXI | Fonte: The Sydney Morning Herald

Segundo Chau Bui, afiliado à School of Public Health and Community Medicine da Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália), o aumento do número de estirpes em aves leva a que haja uma maior probabilidade de uma delas sofrer mutações e se tornar transmissível para humanos. Os avanços na saúde humana permitem agora acompanhar a evolução de alguns vírus e criar rapidamente formas de combater as infeções, mas sem conhecer o agente é difícil calcular se poderá ocorrer uma nova pandemia dentro de poucos anos.

Uma pandemia de Influenza pode ser causada por um novo vírus com capacidade de transmissão entre humanos e com potencial para afetar população de todo o mundo ou de diversos continentes. A primeira pandemia de Influenza ocorreu há exatamente um século atrás, no ano de 1918. Neste ano, o vírus H1N1 terá infetado mais de 500 milhões de pessoas e levado à morte de aproximadamente 50 milhões em todo o mundo, segundo dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention). A pandemia, também conhecida por gripe espanhola, é documentada como uma das mais mortíferas da história humana. Segundo a OMS, ocorreram mais duas pandemias no continente asiático, mas com menor número de fatalidades: a pandemia asiática (1957) e a pandemia de Hong Kong (1968).