Ciência e Saúde

ASSOCIAÇÃO CURA+ CELEBRA TRÊS ANOS DE EXISTÊNCIA

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Na celebração dos seus três anos de existência e no término de mais um ano de mandato, em entrevista ao JUP, Renato Silva, vice-presidente para as relações externas, preconizou o percurso da Associação Cura+ até então e, de certa forma, levantou um pouco do véu sobre aquele que será o futuro da associação.

A Associação Cura+ é uma associação de voluntariado farmacêutico, que desenvolve projetos de educação e promoção para a Saúde, no âmbito da responsabilidade social. Atualmente sediada na cidade do Porto, foi fundada em outubro de 2015 por estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. É constituída por uma equipa multidisciplinar, onde estudantes de diferentes áreas de formação unem esforços com o objetivo de intervir civicamente para o desenvolvimento da comunidade que os rodeia.

JUP: Como foi pensada e projetada a ideia de associação?

Renato Silva: Apesar da Associação Cura+ ter sido fundada em outubro de 2015, um ano antes já duas colegas nossas, a Sara Baptista e a Joana Carvalho, idealizavam ser proativas e tentar contornar um problema social: o acesso limitado ao medicamento em populações carenciadas, algo que se haviam inteirado em contexto de farmácia comunitária.

“Garantir que todos os cidadãos tenham acesso à sua medicação sujeita a receita médica.”

JUP: Qual o principal foco do projeto?

R. S.: Na verdade, a Associação tem dois grandes projetos de origem: o “Porto com + Saúde” e a “Polimedicação + Segura”. O primeiro, pretende garantir que todos os cidadãos, devidamente referenciados por uma IPSS, e que padeçam de uma doença crónica, tenham acesso à sua medicação sujeita a receita médica. O outro projeto, ainda que se tenha iniciado mais recentemente, tem como vontade principal, garantir uma correta adesão à terapêutica e o uso responsável do medicamento, entre a população mais envelhecida da cidade do Porto, noos centros de dia, lares, assim como em domicílios devidamente referenciados.

JUP: Que iniciativas são promovidas?

R.S.: Tendo por base a premissa de que a nossa ação é garantir o acesso ao medicamento e, paralelamente, aumentar os níveis de literacia em saúde em determinadas faixas sociais, tentamos colaborar em vários projetos e iniciativas sociais, que permitam concretizar as nossas ações. Nesse sentido, além das nossas atividades do quotidiano junto das pessoas e instituições, tentamos colaborar no máximo de iniciativas que possam contribuir para atenuar as dificuldades de acesso à terapêutico, assim como ao uso responsável do medicamento.

JUP: Quantos voluntários fazem parte da associação?

R.S.: A Associação Cura+ conta com 55 voluntários no total, dos quais 17 são elementos da equipa de coordenação e presidência, 10 são do projeto “Polimedicação + Segura” e 28 são do projeto “Porto com + Saúde”. No entanto, o número de voluntários que passou pela Associação Cura+ já foi muito superior, mas como resultado da conclusão de estudos de muitos voluntários, tiverem de sair da associação.

JUP: O que é necessário para fazer parte da associação, sendo estudante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) ou não?

R.S.: Para fazer parte da associação, convém estar sempre atento aos sucessivos recrutamentos que abrem no decorrer do ano académico. No entanto, estudantes de Ciências Farmacêuticas, assim como de outros cursos, podem sempre enviar candidatura espontânea, de forma a integrar a equipa Cura+, inclusivamente foram já recrutados alguns estudantes da Escola Superior de Enfermagem do Porto, permitindo desta forma a intercolaboração de estudantes de diferentes cursos.

JUP: Durante quanto tempo podem os voluntários manter atividade?

R.S.: Os voluntários da Associação Cura+ assinam um contrato aquando da sua entrada, que é válido durante um ano e renovado automaticamente após esse ano. Contudo, tal como a Lei de Bases do enquadramento jurídico do voluntariado refere “o voluntário que pretenda interromper ou cessar o trabalho voluntário, deve informar a entidade promotora com a maior antecedência possível”, pelo que a Associação compreende e aceita com naturalidade, os estudantes que queiram tomar abandonar o projeto.

JUP: Qual o contributo que podem dar à associação?

R.S.: Os voluntários terão a oportunidade de participar nos diferentes projetos da organização, assim como propostas de formação constante, no sentido de melhorarem algumas competências, sejam elas de âmbito técnico-científico ou conteúdo adicional ao correto desempenho das suas atividades (como por exemplo, comunicação clínica).

JUP: Existe a preocupação de formar os voluntários ?

R.S.: Tal como referido anteriormente, os voluntários encontram na Associação Cura+ uma grande oportunidade de oferta formativa, com especialistas de várias áreas e temáticas, conseguindo assim melhorar o seu currículo extracurricular. A oferta formativa continua a ser um dos pontos que os voluntários Cura+ destacam nos inquéritos elaborados internamente, relativamente à satisfação das suas ações.

JUP: Qual a marca de diferença no seio do voluntariado estudantil?

R.S.: A Associação Cura+ foi pioneira no associativismo juvenil na área da saúde, a intervir ativamente na vertente de apoio ao acesso ao medicamento a famílias carenciadas, pelo que constitui um projeto interessante do ponto de vista da responsabilidade social. Desta forma, o associativismo académico só tem a ganhar com projetos que se diferenciam entre si, mas que simultaneamente contribuem para mitigar problemas sociais.

JUP: Sentem uma adesão positiva por parte dos estudantes?

R.S.: Os voluntários sempre se mostraram motivados e empenhados no exercício daquilo que são os seus deveres, em primeira instância para com a sociedade, e só depois para com a Associação Cura+. E é assim que tem de ser. Em três anos de associação, conseguimos sempre cativar novos estudantes, e mesmo aqueles que acharam que não se enquadravam neste modelo de associativismo, tiveram a dignidade de partilhar a opinião e seguir possivelmente para outros projetos. Isto é sem dúvida um dos princípios do voluntariado.

JUP: Qual o impacto direto na sociedade?

R.S.: Como devem calcular, garantir o acesso a um medicamento sujeito a receita médica, a alguém que não tem capacidade para o pagar, é difícil do ponto de vista de financiamento para a associação. No entanto, e tendo em conta o balanço, foram apoiados até hoje 73 agregados familiares, sendo que 57 se encontram ativos (incluindo 7 menores de idade), por continuarem a obedecer a critérios que justifiquem a sua inclusão no projeto “Porto com + Saúde”, por exemplo.

JUP: O apoio à associação tem sido notado por parte dos membros da direção?

R.S.: Do ponto de vista da academia, sempre fomos bastante apoiados, destacando a direção da Faculdade de Farmácia da UP. Pese embora, tenho a convicção pessoal de que o grupo docente poderia ser mais interventivo nestes projetos, que apesar de não ser a atividade principal de uma faculdade, tal como a investigação e o ensino, de alguma forma, contribui para a solidificação de conhecimentos e robustez de atitude e postura de futuros profissionais de saúde.

JUP: Que objetivos ambicionam alcançar no futuro?

R.S.: Neste momento, conseguimos reunir com entidades, tal como a APIFARMA – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, ADIFA – Associação Portuguesa de Distribuidores Farmacêuticos, Direção Geral de Saúde, Creating Health – Research and Innovation Funding, entre outras, com as quais tivemos oportunidade de traçar novos caminhos. Futuramente, o foco é continuar a procura de novas parcerias, sejam estas institucionais ou financeiras, de modo a promover o crescimento da associação em todas as suas vertentes.

JUP: Existe a possibilidade de expansão?

R.S.: A expansão para outras cidades dos país é sempre uma hipótese. Existe a ambição no ar de transpor as nossas atividades para Coimbra ou Lisboa, por exemplo. No entanto, é necessário garantir que os projetos estão bem cimentados no Porto antes de partir para distritos além deste.

       “Navegar nas águas agitadas dos dias”

No término de mandato, Renato Silva deposita a máxima confiança no trabalho de Sandra Vieira, presidente sucessora a Aléxis Sousa, antigo presidente. Afirma que ‘é necessário saber navegar nas águas agitadas dos dias”, para que os objetivos e aquilo que é ambicionado e são os pilares basilares da associação se concretizem. “As maiores felicidades e um ano cheio de desafios” são os votos do vice-presidente para o mandato vindouro.

 

 

 

 

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