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Ciência e Saúde

SIDA: PROSTITUIÇÃO EVITOU UMA EPIDEMIA NA ÍNDIA

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Antara Foundation no terreno (Foto: Site Oficial)

Antara Foundation no terreno (Fotografia: Site Oficial)

Tendo em conta que, em média, os trabalhadores do sexo estão treze vezes mais predispostos a contraírem o VIH, vírus responsável pela SIDA, os programas de prevenção tornam-se importantes. Pelo facto de pertencerem a um grupo de risco, já que a vulnerabilidade económica e a marginalização são representativas, estão a ser criados programas com poucas barreiras de acesso.

Na que é a maior democracia do mundo, a taxa de prevalência de infeção por VIH é, neste momento, de 0,22%. Em 2002, previa-se que existiriam mais de 20 milhões de indianos infetados no final da década, o que se traduziria numa taxa de prevalência de 1,5%. Tal dever-se-ia às dificuldades associadas ao negócio do sexo, em que a violência entre géneros, a falta de consentimento no uso de preservativos e a criminalização são recorrentes. No entanto, com o apoio do Governo Indiano, esses valores foram revertidos.

Apesar de a prostituição ser legal na Índia, todas as atividades associadas ao negócio do sexo, como bordeis, são ilegais. Assim, os locais de trabalho destas mulheres são os parques de estacionamento, estações de transportes públicos e becos escuros. Para além disso, estas trabalhadoras evitam transportar preservativos consigo ou frequentar clínicas, para que não sejam identificadas e vítimas de violência e discriminação.

Desta forma, Ashok Alexander, que foi secretário principal de Indira Gandhi (primeira-ministra da Índia entre 1966-77 e 1980-84), decidiu deixar a sua carreira como diretor da McKinsey & Company para se juntar à campanha de prevenção do VIH. Pelo facto de as trabalhadoras do sexo estarem em constante movimento, sem um local de trabalho fixo, Alexander descobriu que ter um sítio seguro para descansar era muito importante para estas mulheres.

Assim, em 2003, foi criada a Avahan Foundation em que pequenos centros, durante a tarde, abrem as portas a estas mulheres. Aí, para além de poderem descansar, tomar um banho e estar longe dos clientes, chulos e polícia, também têm acesso a profissionais de saúde e a check-ups para doenças sexualmente transmissíveis.

Esta foi a forma que Alexander encontrou de agrupar as trabalhadoras do sexo de determinadas regiões, sem que sofressem discriminação e onde pudessem ter acesso a informação e a preservativos. Em apenas dois anos, a Avahan Foudation tornou-se o maior programa do mundo de prevenção de VIH com patrocínio privado, estando presente em 550 cidades indianas.

Hoje, este projeto pertence à Bill & Melinda Gates Foundation, que providencia serviços de prevenção de SIDA a mais de 270.000 trabalhadoras do sexo em 672 cidades. Assim, é capaz de distribuir cerca de 13 milhões de preservativos por mês, originando o significativo decrescimento da prevalência da doença, nomeadamente em comparação com os países vizinhos.

Desde então, Ashok Alexander já criou mais uma organização, The Antara Foundation, em 2013, que também disponibiliza serviços de saúde para o público, especialmente para mães e filhos. No seu livro, A Stranger Truth: Lessons in Love, Leadership and Courage from India’s Sex Workers, Alexander homenageia estas mulheres que foram capazes de reconhecer o melhor para cada uma delas e de se mobilizar como uma comunidade. Segundo ele, esta vitória deve ser concedida às trabalhadoras do sexo e reconhecidas pelo seu empenho, pois não seria possível sem a perseverança das mulheres.

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