Ciência e Saúde
RELATÓRIO DA DGS RETRATA A SAÚDE DE CRIANÇAS E JOVENS EM PORTUGAL
Esta publicação tem como objetivo permitir a discussão e reflexão sobre o que há a melhorar nas políticas de saúde referentes à população infantil. Nela agregam-se resultados de estudos realizados por entidades oficiais e também trabalhos académicos. Os dados apresentados no documento constituem a caracterização da população infantil portuguesa em matéria de saúde, com consequente exploração da evolução dos determinantes pediátricos mais importantes.
Os comportamentos dos jovens merecem atenção. O consumo de álcool para jovens entre os 13 e 18 anos está a diminuir, mas ainda se encontra acima do que seria adequado. Na verdade, 20 a 80% dos jovens portugueses refere o consumo de qualquer bebida alcoólica no último ano, percentagem que aumenta com a idade. Também em relação a drogas de abuso o cenário é preocupante, com o consumo entre os jovens de 17 e 18 anos a aumentar: em 2015, cerca de 35% dos jovens referia já ter experimentado. O consumo de tabaco entre os jovens está a diminuir, de acordo com dados de 2015. Ainda assim, três em cada cinco adolescentes com 18 anos refere já ter fumado.
O Plano Nacional de Vacinação continua a registar as elevadas taxas de adesão que garantem a proteção da população contra doenças infetocontagiosas. Após a introdução da vacina contra o HPV há dez anos, já se verificou uma redução na incidência de condilomas, ou verrugas genitais, em ambos os sexos. O objetivo é que também os cancros cervicais ou outros associados a este vírus venham a diminuir, tanto em jovens raparigas como rapazes.
A taxa de infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) nas crianças e jovens está a diminuir, tal como acontece na população adulta. As principais vias de transmissão são a via sexual, responsável por 60% dos casos, principalmente nos jovens entre os 15 e os 17 anos, e a de mãe para filho, responsável por cerca de 30% dos casos. Contudo, também os casos de transmissão via mãe-filho estão a diminuir, pela melhoria nas medidas profiláticas e acompanhamento pré e pós-natal com, por exemplo, a substituição do leite materno por fórmula.
A violência contra crianças pode nem estar a crescer, mas tem aumentado o número de sinalizações por maus-tratos no Serviço Nacional de Saúde. Até 2016, o número de sinalizações por maus-tratos a crianças por parte de organismos do Serviço Nacional de Saúde aumentou, com a organização de programas de vigilância integrados nos cuidados de saúde primários e hospitalares.
O número de gravidezes na adolescência também continua a diminuir, uma tendência que se verifica desde a década de 1980. Apesar desta tendência decrescente, as complicações da gravidez, parto e puerpério são a causa mais frequente de internamento entre as adolescentes dos 15 aos 17 anos. Entre os adolescentes do mesmo grupo etário, destacam-se os internamentos por lesões ou envenenamentos.
Portugal está a envelhecer, facto apoiado pela diminuição no número de crianças em 43% nos últimos quarenta anos. Ainda assim, estas representam 17,3% da população total, e verifica-se desde 2013 uma tendência crescente do índice sintético, apesar de não estar garantida a substituição de gerações. A esperança média de vida à nascença continua a aumentar, e é cerca de 80 anos, para crianças nascidas entre 2015 e 2017.
No que diz respeito à mortalidade infantil, Portugal continua a ser um exemplo de sucesso e um dos melhores países da União Europeia. Desde 1965 que a taxa de mortalidade infantil tem vindo a diminuir, com estabilização desde 2013, e situava-se, em 2017, nos 2,62 óbitos por 1.000 nados-vivos. A taxa de mortalidade infantil é um indicador do nível dos cuidados de saúde com implicações socioeconómicas.
O relatório “Saúde Infantil e Juvenil – Portugal 2018” encontra-se disponível para consulta no site da Direção Geral de Saúde.
Artigo por Ana Amarante. Revisto por Ana Sofia Moreira.