Ciência e Saúde

AUSTRÁLIA CONTA COM CUIDADOR DE ESPÉCIES PORTUGUÊS

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Começou o seu percurso académico na Universidade do Porto, mais concretamente no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), onde se licenciou em Ciências do Meio Aquático e se tornou mestre em Ciências do Mar – Recursos Marinhos. Nos Estados Unidos, concluiu o mestrado em Psicologia Experimental, na University Southern Mississippi.

Participou ainda em estudos de comportamento, reprodução e identificação de espécies marinhas, foi treinador de mamíferos marinhos no Zoomarine e trabalhou como consultor comportamental de animais de estimação na Cidade do Cabo, na África do Sul, e em Melbourne, na Austrália.

Austrália, o novo mundo

A ideia de procurar oportunidades no estrangeiro estava presente e fê-lo partir do país que o viu crescer em busca de profissionais de referência na área de mamíferos marinhos. Viajou até aos Estados Unidos. Inicialmente, interessava-lhe um projeto com uma abordagem académica, mas rapidamente percebeu que o que movia o seu entusiasmo era a componente prática. “Apercebi-me de que […] a abordagem prática e profissional me atrai um pouco mais que a abordagem académica/investigação, embora continue a utilizar a minha formação académica nas minhas atuais aventuras profissionais”, comentou José Gomes.

A Austrália surgiu de uma proposta de emprego que a sua esposa recebeu, e foi por “arrasto” que lá foi ter. Meses mais tarde, acabou por receber também ele propostas de trabalho interessantes, acabando por se fixar lá. Atualmente, trabalha como “Zookeeper” – ou tratador de animais, em português – nos Zoos Victoria, “uma instituição líder na área da conservação de espécies no [meio] selvagem”.

José Gomes estudou no ICBAS, mas é na Austrália que trabalha atualmente.

Zoos: desafios e sociedade

Segundo José, muitos dos zoos da Austrália “são líderes internacionais na área da conservação animal e no combate à extinção”, concretamente no que diz respeito “ao bem-estar animal, correta escolha de espécies e a forma como os animais são apresentados ao público”. A sua perceção do panorama atual desta área no país onde vive é de que os esforços dos profissionais têm convergido no sentido da intervenção direta na vida selvagem, promovendo, para além da qualidade de vida dos animais, o salvamento de espécies. “Estas iniciativas parecem-me ser áreas de futuro crescimento”, comentou.

Em Portugal, embora não tenha uma perceção tão clara como a que tem do país onde se encontra, “tem havido uma enorme evolução para modernizar os locais que mantêm animais sob cuidados humanos nas últimas décadas”, e é de louvar o bom trabalho que se faz com um orçamento limitado. Contudo, a inclusão dos trabalhadores, “nomeadamente aqueles que serão afetados pelas decisões tomadas”, nos processos decisivos das empresas, o aumento da contratação de especialistas da área do bem-estar animal, o foco na conservação de espécies, “sobretudo portuguesas”, a sustentabilidade financeira e a melhoria das condições de trabalho são alvo de melhoria no país. O “cuidador” português afirmou ainda que “campanhas de conservação e educação mais robustas poderão ser desenvolvidas, bem como a respetiva monitorização do impacto destas […] nas comunidades a que se dirigem”.

“[Em Portugal] tem havido uma enorme evolução para modernizar os locais que mantêm animais sob cuidados humanos nas últimas décadas.”

Para além disto, “grandes barreiras da atualidade têm a ver com o crescimento de organizações ativistas que são contra a existência de zoos, independentemente do tipo de trabalho que desenvolvem”. José defende que, apesar de haver zoos “que não oferecem condições aceitáveis aos seus animais”, há muitos outros que são essenciais no que diz respeito à “conservação de espécies e […] educação das comunidades”. E é neste sentido que se deverá rumar: intervir a favor da manutenção da diversidade e da sensibilização das sociedades.

José Gomes considera que os Jardins Zoológicos têm um papel importante na conservação de espécies e na educação da população.

Para os interessados na Austália como país de destino, José deixa a ressalva de que “os vistos são complicados de conseguir” e dependem da área em que a pessoa em causa trabalha. O alerta é dado no sentido de incitar a que se recolha o máximo de informação possível antes de partir para a descoberta. “Uma vez ultrapassada essa barreira, a Austrália é um país com um nível de vida incrível”, comentou.

 

Artigo por Álvaro Paralta. Revisto por Ana Sofia Moreira.

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