Ciência e Saúde

À CONQUISTA DA LUA: 50 ANOS DEPOIS DA MISSÃO APOLLO 11

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O mundo “parou” em frente à televisão, entre os dias 20 e 21 de julho de 1969, para assistir à emissão em direto dos primeiros momentos do Homem na Lua. Nas casas em que já havia televisão, famílias juntaram-se com expectativa e curiosidade, enquanto muitos americanos saíram às ruas para celebrar quando Neil Armstrong deu o primeiro passo do Homem na Lua e, assim, “um salto gigantesco para a Humanidade”. Em Portugal, já passava da meia noite do dia 21, mas nem as crianças deixaram de assistir.

Hoje, para as gerações mais jovens, aquelas imagens históricas com fraca qualidade podem ter pouco significado. No entanto, aqueles que assistiram nessa noite à emissão, recordam esse marco como um espetáculo televisivo partilhado à escala global e o alcançar de um sonho que para muitos não passava de uma fantasia inatingível até esse dia.

Nova Iorque recebe a equipa da Apollo 11 em desfile na Broadway e Park Avenue. Fotografia: NASA.

Numa missão a cargo da NASA, Apollo 11 sucedeu uma década de avanços científicos e elevado investimento por parte dos Estados Unidos. Foi a bordo do potente foguetão Saturn V, que os três astronautas americanos – Michael Collins, Buzz Aldrin e Neil Armstrong – descolaram da superfície terrestre na manhã do dia 16 de julho de 1969. No entanto, a tecnologia não era apenas americana. Após a Segunda Guerra Mundial, vários cientistas da Alemanha Nazi foram trabalhar para os Estados Unidos, como foi o caso de Wernher von Braun, o engenheiro aeroespacial que liderou o projeto do Saturn V.

A histórica missão durou 8 dias. Se agora sabemos que foi uma alunagem atribulada, isso foi algo que passou despercebido aos espectadores. No domingo, 20 de julho, Armstrong e Aldrin conseguiram alunar com sucesso o módulo lunar Eagle, enquanto Michael Collins permaneceu em órbita a bordo do módulo de comando. Durante várias horas, Armstrong e Aldrin exploraram a superfície lunar, recolhendo amostras, realizando experiências e tirando fotografias. Na manhã de 24 de julho, o módulo de comando com os três astronautas caiu em segurança no Oceano Pacífico e a missão terminou com sucesso. Seguiu-se um período de quarentena para os três astronautas, que depois foram recebidos como heróis por milhões de pessoas de todo o mundo.

O Presidente Nixon recebe os 11 astronautas da missão Apollo 11, a 24 de julho de 1969. Fotografia: NASA.

O programa Apollo terminou em 1972, depois de 17 missões, 11 das quais tripuladas. O foguetão Saturn V fez ainda mais uma missão para o projeto Skylab, para depois dar lugar ao Vaivém Espacial. Os motivos para o fim do programa Apollo foram os cortes nas verbas da NASA pelo congresso americano e o desinteresse em mais missões lunares, levando ao cancelamento das missões Apollo 18 a 20.

Apesar da conquista da Lua pelos Estados Unidos com a missão Apollo 11, foi a União Soviética que começou a ganhar a corrida espacial com o lançamento em 1957 do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da Terra. Outras conquistas soviéticas incluem o primeiro animal em órbita, a cadela Laika em 1957, o primeiro homem no espaço, Yuri Gagarin em 1961, a primeira alunagem não tripulada, com a missão Luna 9 em 1966 e a primeira estação espacial em órbita, Salyut 1, em 1971. O que começou como uma guerra, deu lugar à primeira colaboração espacial internacional com o programa de testes Apollo-Soyuz em 1975, partilhado entre os Estados Unidos e a União Soviética.

No entanto, a vitória conseguida com o Apollo 11 significou mais que o fim de uma corrida entre duas superpotências. Marcou o início de uma nova era em que a perceção dos limites do engenho humano foram para sempre alterados e em que se abriram novas possibilidades e inspiração para levar a exploração para outros planetas. O Homem deixou de estar limitado ao planeta Terra, com todas as vantagens e desvantagens que possam estar implicadas.

Buzz Aldrin sob a superfície lunar, fotografado por Neil Armstrong. Fotografia: NASA.

O Espaço nunca deixou de fascinar a Humanidade e enquanto se planeiam as primeiras viagens turísticas espaciais, volta-se a falar da colonização espacial e foca-se no planeta Marte, a Lua não está esquecida. No início deste ano, a China teve sucesso na alunagem do módulo Chang’e 4 no lado distante da Lua, tendo sido a primeira vez que um veículo chegou a essa região. O objetivo final anunciado deste programa consiste em construir uma estação de investigação no pólo sul lunar durante a próxima década.

Em paralelo, surgiram empresas privadas espaciais, com a israelita SpaceIL a ser a primeira a orbitar a Lua, apesar de a sonda se ter despenhado quando tentaram a alunagem. Por sua vez, a NASA está a desenvolver novos veículos para viagens mais longas e a estudar a extração de recursos no espaço, sendo que a Lua será usada como teste apesar do objetivo ser Marte.

Meio século após a primeira alunagem, houve importantes conquistas na exploração espacial, com o envio de sondas e recolha de dados que vão além do nosso sistema solar. Contudo, dificilmente alguma viagem não tripulada suscitará emoções semelhantes às da primeira alunagem e a opinião divide-se entre os que defendem um maior investimento na exploração espacial para criar a oportunidade de repetir uma façanha comparável à alunagem neste século e os que defendem que se devem concentrar esforços em resolver os problemas ambientais que o nosso próprio planeta atravessa.

As comemorações chegam à Invicta

No âmbito das comemorações decorrem vários eventos alusivos na Invicta. O JUP destaca a iniciativa “Da Terra à Lua: 50 anos depois” que acontece no Museu da Quinta de Santiago (Leça da Palmeira) às 22h00 de sábado, 20 de julho. Vai ser possível conversar com Ana Pires e José Matos que, sob o céu estrelado dos jardins do museu, vão explorar as implicações técnicas, científicas e filosóficas de um dos mais notáveis feitos da Humanidade, assim como discutir quais são os limites atuais da investigação espacial. Ana Pires é investigadora do ISEP e do INESC TEC, sendo a primeira mulher cientista-astronauta portuguesa com diploma da NASA, enquanto que José Matos é astrónomo e divulgador científico formado pela Universidade Central de Lancashire.

Em paralelo, a Reitoria da Universidade do Porto recebe no Salão Nobre, às 21h00 de hoje, uma sessão dedicada à missão Apollo 11, que conta com os oradores Rui Moura (professor na FCUP), Álvaro Domingos (geógrafo) e Daniel Folha (diretor executivo do Planetário do Porto). Para acompanhar esta sessão, vai ser inaugurado um modelo tridimensional da Lua (com 2,8 metros de diâmetro) a suspender na entrada principal do edifício.

 

Artigo redigido por Mariana Miranda. Revisto por Ana Sofia Moreira.

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