Ciência e Saúde

“AXIOMA DA ESCOLHA”: UM PODCAST DE MATEMÁTICOS PARA CURIOSOS

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Talvez todos tenhamos um livro que possamos eleger como favorito, ou talvez um filme ou uma música. Mas quantos de nós teremos um teorema favorito? Os matemáticos, talvez consigam eleger um. Esta é a pergunta para a qual o iNIGMA – Núcleo de Estudantes de Matemática da Universidade do Porto – tem procurado resposta no Podcast “Axioma da Escolha”. Trata-se de uma iniciativa recente que tem como alvo os docentes do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que, através de uma conversa, se dão a conhecer quanto às suas preferências na área da Matemática.

E como nem sempre é necessária grande complexidade para pôr em prática uma boa ideia, este projeto faz-se ouvir a partir de uma sala, algures naquele departamento, onde constam dois microfones e uma “barreira de áudio” improvisada com K-line, acetato e fita-cola. “A gente arranja sempre forma de se desenrascar!”, comentou Inês Guimarães, coordenadora do departamento Pedagógico do iNIGMA e responsável pela coordenação deste novo projeto. Mas este é apenas um meio para atingir um fim.

Pode dizer-se que esta ideia surgiu sobre rodas e de forma espontânea, não tivesse sido “um bocado caída do céu” e arquitetada enquanto Inês conduzia. “Mandei logo mensagem com a sugestão ao presidente do nosso núcleo e ele aderiu de imediato, portanto, fiquei muito contente!”, comentou a estudante de Matemática. No entanto, deixa a ressalva de que esta não se trata de uma ideia totalmente original. Há um podcast americano, de nome “My Favorite Theorem”, cujos apresentadores são Evelyn Lamb e Kevin Knudson, no qual se baseou para a criação da versão portuguesa. “Achei boa ideia fazermos uma versão ‘tuga’, porque a nossa faculdade tem matemáticos excelentes, que sem dúvida estarão à altura do desafio”, revelou.

“Achei boa ideia fazermos uma versão ‘tuga’, porque a nossa faculdade tem matemáticos excelentes, que sem dúvida estarão à altura do desafio.”

A versão “tuga” inicia com a apresentação do convidado, pela voz do próprio. Desta forma, pode ficar a conhecer-se o seu percurso académico, os seus principais interesses e hobbies. Depois desta introdução, ao “matemático-alvo” é proposto um desafio extra. Para além de partilhar o teorema com o qual tem mais afinidade, que é explicado “de uma forma leve e acessível”, é-lhe pedido que o tente associar a um outro elemento – por exemplo, um livro, uma música, ou outro.

Apesar de estes aspetos constarem do molde americano, o “Axioma da Escolha” vai mais longe: “Cada professor será ainda ‘bombardeado’ com algumas perguntas extra, concebidas especificamente para ele, tendo em conta o seu estilo ou a área em que trabalha, por exemplo”, explicou a coordenadora. “Felizmente, temos gente no núcleo com boas ideias, o que nos dá esperança de preparar questões que façam o entrevistado realmente pensar”, acrescentou.

Estas conversas partilhadas têm como objetivo aproximar os estudantes desta faculdade aos docentes, envolvendo-os na realidade do que é ser matemático e partilhando a investigação atualmente desenvolvida nas diferentes temáticas da área. Espera-se, então, “que a paixão pelo conhecimento que os matemáticos do departamento sentem se propague pelos mais jovens”.

“[…] que a paixão pelo conhecimento que os matemáticos do departamento sentem se propague pelos mais jovens.”

No entanto, este está longe de ser o único objetivo: “Ficaríamos ainda mais felizes se conseguíssemos chegar a um público mais alargado, que mesmo não trabalhando na área consiga achar os episódios interessantes”, partilhou Inês. O “Axioma da Escolha” poderá ser apreciado por todos aqueles que nutrem curiosidade pela Matemática. Quanto mais conhecimentos na área houver, melhor, no entanto, este não é um fator impeditivo para que se consiga seguir com fluidez a conversa. “Seria extraordinário conseguirmos mostrar ao cidadão comum que um matemático não é uma criatura bizarra que trabalha em coisas esquisitas dentro de uma masmorra nalgum lugar recôndito do planeta”, expôs a estudante. Até porque, como nos escreveu, “Alguns são mesmo fixes, juro!”.

O primeiro episódio, disponível para consulta em plataformas como SoundCloud e Youtube, contou com a presença de António Machiavelo e a reação por parte dos ouvintes surpreendeu as expectativas. O arranque do projeto captou uma audiência que serviu como “fonte de motivação” para darem continuidade ao projeto. “Em termos qualitativos, o feedback por parte dos ouvintes (alunos, ex-alunos e familiares) foi excelente, mesmo!”, garantiu Inês Guimarães. “Até agora ainda não ouvimos a opinião de nenhum professor, mas esperamos que esta ideia agrade ao corpo docente tanto quanto nos agrada a nós”, concluiu.

 

Artigo elaborado por Álvaro Paralta. Revisto por Mariana Miranda.

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