Ciência e Saúde

CORONAVÍRUS: INVESTIGADORES TRABALHAM EM CONTRA-RELÓGIO PARA DESENVOLVER UM TESTE DE DIAGNÓSTICO E CONTER A NOVA EPIDEMIA

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Na procura por métodos de diagnóstico para o COVID-19, investigadores de Shangai, Wuhan, Beijng e Sydney começaram por utilizar o sequenciamento de RNA metagenómico. O objetivo era identificar o novo vírus, que esteve por detrás do acumular de casos clinicamente semelhantes a uma pneumonia registados em Wuhan, China. O primeiro esboço da sequência genómica do vírus data de 10 de janeiro. A versão atual foi publicada a 17 de janeiro.

Por volta da mesma altura, o Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças (Chinese Center for Disease Control and Prevention) reportou o isolamento e cultivo do novo coronavírus e identificou-o como fonte de deflagração da doença respiratória, bem como capaz de transmissão inter-humana. Recorrendo a microscopia eletrónica permitiu avaliar as suas características morfológicas. Os trabalhos a nível microscópico permitiram ainda demonstrar efeitos citopatogênicos em células epiteliais das vias aéreas humanas.

O sequenciamento genómico revelou proximidade ao coronavírus conhecido por SARS-coronavírus (severe acute respiratory syndrome coronavirus), responsável pelos surtos de 2002-2003. Vários grupos internacionais têm vindo a trabalhar a partir da sequência genómica identificada, no sentido de desenvolver primers para aplicar a técnica de PCR (Polymerase Chaine Reaction) com o objetivo de assegurar que os laboratórios de saúde pública têm métodos de diagnóstico, enquanto não existem testes comerciais para o SARS-CoV-2 (o vírus que causa COVID-19).

O laboratório Christian Drosten, do Instituto de Virologia, Hospital Universitário Charité, em Berlim, em conjunto com colaboradores Europeus e de Hong Kong, publicaram os detalhes de um teste de diagnóstico baseado num PCR em Tempo Real (RT-PCR), a 23 de janeiro, o qual permite detetar o SARS-CoV-2 e distingui-lo do SARS-CoV.

Entretanto, um grupo da universidade de Hong Kong desenvolveu dois testes quantitativos de PCR de transcrição reversa em tempo real visando duas características do genoma do vírus: regiões N – cujo teste é recomendado para efeitos de screnning – e open reading frame 1b (ORF1b) – cujo teste é recomendado para efeitos de confirmação.

Vários países, como por exemplo os Estado Unidos, desenvolveram os seus próprios métodos de diagnóstico à base de PCR. A técnica de PCR é altamente sensível, quando usada corretamente. Contudo, falsos negativos, os quais representam a incapacidade de detetar o vírus em pacientes infetados, podem ser um problema significativo no caso de se querer ampliar o rendimento em detrimento da eficácia e operando sob elevada pressão. Assim, o uso correto do teste é crucial. Além disso, as incertezas relativas à cinética do vírus, nomeadamente relativa ao tempo de vida em determinadas condições, levam à conclusão de que o momento do teste pode afetar o resultado.

Também não é ainda claro quais as amostras clínicas ideais. Um estudo recente de Wuhan, relativo ao kit de RT-PCR à base de fluorescência que está a ser distribuído pelo Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças, sugere que amostras nasofaríngeas oferecem maior consistência do que amostras de expetoração.

Fotografia do kit de teste do CDC (US Centers for Disease Control and Prevention), com a designação de CDC 2019-nCoV Real-Time Reverse Transcriptase (RT)-PCR Diagnostic Panel. O CDC está a enviar este teste para os laboratórios que foram por este organismo considerados como qualificados. Fonte: CDC.

Neste momento um teste serológico está a ser desenvolvido com o objetivo futuro de determinar a população exposta ao SARS-CoV-2. Este terá por base a pesquisa de anticorpos, isto é, proteínas específicas produzidas pelo nosso organismo em resposta a infeções. De notar que para obter resultados viáveis a partir deste teste são necessárias amostras de pessoas que foram infetadas com SARS-CoV-2, pelo menos 21 dias após a infeção (uma vez que a produção de anticorpos não é imediata). Este teste irá permitir detetar infeções ao SARS-CoV-2 com poucos ou nenhum sintoma (assintomáticas).

O que são os coronavírus?

Os coronavírus são uma grande família de vírus, a qual não é nova, tendo sido já identificada anteriormente. Existem diferentes tipos de coronavírus, sendo que grande parte afeta animais, não deixando por isso de serem organismos zoonóticos, isto é, têm a capacidade de passar do animal para o humano. Quando pontualmente conseguem infetar o Homem, a manifestação clínica apresenta-se como doença respiratória ou gastrointestinal. De facto, existem vários subtipos de coronavírus, que causam surtos de infeção ligeiramente diferentes. Consequentemente, a diversidade dentro desta família de vírus impõe dificuldades ao diagnóstico.

ESPECIAL BOLETIM MÉDICO: CORONAVÍRUS 2019-NCOV

Fontes: Nature biotechnology; CDC Tests for COVID-19

 

Artigo elaborado por Carina Baptista. Revisto por Mariana Miranda.

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