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Ciência e Saúde

Dia Mundial da Água: um bem precioso sob ameaça

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O Dia Mundial da Água foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993. Tem como intuito celebrar a água e consciencializar o público dos desafios da sua gestão a nível mundial. Um dos objetivos mais prementes da data é conseguir acesso pleno a água potável e saneamento para toda a humanidade até 2030.

O desenvolvimento económico a que se tem assistido nas últimas décadas e as alterações climáticas têm levado a maior pressão sobre recursos hídricos: as dinâmicas da água são cada vez mais imprevisíveis e os níveis de poluição maiores. A ONU relembra que a importância da água vai muito além do seu valor económico, sendo um recurso essencial à vida e vital para a integridade do nosso planeta. Se não for suficientemente valorizado e não for compreendida a sua importância em várias frentes, seremos incapazes de garantir o seu usufruto por todos.

Assim, o tema do Dia Mundial da Água de 2021 foi a valorização da água, nomeadamente de vários aspetos relacionados com o recurso: as suas fontes, as infraestruturas que permitem a sua distribuição e consumo seguros, os serviços relacionados (saneamento e saúde), o seu valor económico, e os seus aspetos socioculturais.

Tendo em conta o valor multidimensional da água, a ONU pediu, nas redes sociais, que cada um partilhasse o significado que a água tinha para si, usando a etiqueta #water2me.

O acesso à água no mundo

Apesar de já 71% da população mundial ter acesso a água potável e 45% a saneamento seguro, todos os anos ainda morrem aproximadamente 800 mil pessoas devido à falta de acesso a estes dois bens. Em particular, 5% de todas as mortes de crianças até aos cinco anos e 50% de todos os casos de malnutrição no mundo são resultado do consumo de água imprópria e da falta de saneamento. Estes são, segundo o secretário-geral António Guterres, números inaceitáveis que urge alterar.

De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Mundial da Água da ONU de 2021, dois mil milhões de pessoas no mundo vivem em países em stress hídrico. A situação pode agravar-se, uma vez que muitos dos mais importantes aquíferos mundiais estão sob crescente pressão. Ao mesmo tempo, a procura por água doce cresce todos os anos – estima-se que, em 2050, 50% da população mundial enfrente stress hídrico. Para além disso, prevê-se que, no mesmo ano, a desertificação ameaçará a subsistência de quase mil milhões de pessoas.

Por outro lado, a frequência de eventos extremos como cheias e chuvas torrenciais aumentou 50% na última década, com consequências profundamente negativas a nível económico e social nas comunidades afetadas.

As soluções

Em 2018, a ONU e o Banco Mundial uniram esforços e publicaram um relatório conjunto, no qual apresentam uma agenda para a melhor gestão dos recursos hídricos. Para além de assegurar acesso universal à água potável e saneamento, sublinham a necessidade de construir resiliência face à escassez e a desastres naturais, preservar os ecossistemas e as fontes naturais de água, e desenvolver cidades inteligentes.

Sem um esforço concertado da comunidade internacional para atacar as alterações climáticas e as desigualdades no acesso à água, prevêem-se consequências nefastas a nível político e económico: migrações em massa, conflito generalizado, e disrupção da paz entre países. Problemas que a Humanidade já começou a enfrentar, mas que poderão agravar-se nos próximos anos.

 

Texto por Catarina Assunção. 

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