Ciência e Saúde

Entra na Onda: “faz parte da mudança por um mundo sustentável”

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Carla Silva tem 23 anos e é estudante no último ano do mestrado em Economia e Gestão do Ambiente na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Apesar de ser licenciada em Línguas Aplicadas às Relações Empresariais na Faculdade de Letras (FLUP), apercebeu-se que não queria ter como rotina o trabalho de escritório, já que não estaria a contribuir para melhorar o ambiente e a relação da sociedade com o mesmo. Uma vez que na licenciatura abordou componentes transversais ao funcionamento de uma empresa (marketing, gestão, etc.) e que é uma pessoa preocupada com o ambiente, fez sentido escolher um mestrado que aliasse esses dois aspetos.

Em entrevista ao JUP, Carla Silva revelou alguns pormenores sobre a nova campanha em prol da sustentabilidade “Entra na Onda”, sobre como foi criar este projeto e qual a sua importância na Universidade do Porto (UP).

De onde surgiu a ideia para a campanha e quem são os envolvidos?

Aquando da realização do estágio curricular do mestrado, senti que precisava de uma componente com cunho próprio, “um projeto maior”, por isso, surgiu-me, em conjunto com a minha supervisora, a ideia de lançar esta campanha.

Os envolvidos são a equipa da BioRumo, a Quercus e a Universidade do Porto.

A quem se destina e qual o objetivo da campanha?

No fundo, toda a gente pode participar, já que o tema da campanha é transversal a todas as faixas etárias e áreas de conhecimento, mas o público-alvo principal são os estudantes da UP.

Os objetivos são que o ambiente se torne um tema recorrente nas conversas dos estudantes e que seja tido em conta nas escolhas que estes fazem no dia a dia. Outros objetivos passam por consciencializar os estudantes para o facto de devermos usar os recursos de forma sustentável e responsável (pois nada na vida é garantido), e fazê-los ver que ser ambientalmente responsável é fácil.

“… ser ambientalmente responsável é fácil.”

Onde será divulgada a campanha?

Os meios principais de divulgação da campanha serão as páginas de Facebook do evento e da Quercus, e de Instagram da Quercus. Mas também será divulgada na Newsletter da Quercus, nas redes sociais da BioRumo e da UP, no portal de Notícias da UP e, por fim, nas redes sociais dos parceiros da campanha.

Que tipo de conteúdos poderão ser encontrados na página do evento?

Tanto nas páginas de Facebook do evento “Entra na Onda – Campanha de Sensibilização Ambiental” e da Quercus, como no Instagram da mesma e nas redes sociais da BioRumo, poderão encontrar dicas de como ser mais sustentável no dia a dia, curiosidades sobre o ambiente e a sustentabilidade, quizzes, passatempos, giveaways e quatro e-books.

Antes da realização dos webinars serão publicados quatro e-books gratuitos. Que temas irão abordar e qual o propósito dos mesmos?

Os quatro e-books, por ordem de publicação, serão sobre Biodiversidade, Água, Energia e Alterações Climáticas, e, por último, Consumo Sustentável.

O propósito é de carater informativo, dado que consistem num conjunto de informações que pretendem despertar a curiosidade e fazer com que as pessoas, mesmo que não possam participar nos webinars, pesquisem mais sobre os assuntos abordados nos e-books e tenham uma perspetiva diferente em relação aos diferentes temas. É uma forma de estarem mais sensibilizados, atentos e aptos para agir.

Quando se irão realizar os webinars e qual a razão para a escolha do tema de cada um deles?

Para o primeiro webinar (21 de abril) escolheu-se o tema “Desafios da Urbanização”. Anteriormente estava previsto ser “Turismo Sustentável”, por ser um tema emergente em Portugal, mas devido à pandemia não foi possível compor o painel de oradores pois as empresas desse setor estão a passar muitas dificuldades. Assim, optou-se por um tema igualmente importante na área da sustentabilidade e de interesse para os estudantes.

Para o segundo webinar (22 de abril), a escolha do tema “Sustentabilidade Empresarial e Economia Circular” deveu-se ao facto de ser muito interessante para os estudantes. Ou seja, que não se foca só na parte científica, sendo transversal e atual. Para além disso, as empresas têm um papel decisivo nesta “luta” pelo ambiente.

Por fim, para o terceiro webinar (23 de abril) escolheu-se o tema “Ecossistemas Marinhos e Economia Azul” dado que é pouco abordado, o que faz com que as pessoas estejam pouco sensibilizadas para esta temática. Ao mesmo tempo, é de extrema importância já que Portugal possui muitos recursos marinhos e uma vasta costa.

Inscreve-te aqui.

Quem apoia a campanha? Foi fácil arranjar esses apoios já que a questão ambiental é cada vez mais importante para a sociedade?

Para além dos parceiros da campanha – a equipa da BioRumo, a Quercus e a UP –, contamos com os seguintes apoios institucionais: DGPM, BCSD, Circular Economy Portugal, Smart Waste Portugal, CIIMAR, Águas do Tejo Atlântico, FSC Portugal, Iniciativa Economia Azul, ANCV, FAP, JUP, Comissariado para a Sustentabilidade da FEUP, AEFDUP, AEFCNAUP, AEFPCEUP, AEFAUP, e AEFLUP. A campanha teve financiamento pelos EEA Grants Portugal, e conta ainda com o apoio das empresas Infinitebook, Babu e EcoX e com o patrocínio de Apcer, Amorim e Delta.

No que diz respeito aos parceiros empresariais, a crise pandémica veio dificultar um pouco a situação, dado que as empresas estão a passar um momento extremamente difícil. Mesmo assim, a campanha conta com o apoio e patrocínio de algumas empresas em que a sustentabilidade ambiental é já uma preocupação evidente.

A nível institucional foi mais fácil. A campanha tem o apoio de várias iniciativas com um papel muito importante em Portugal na promoção de uma sociedade e economia mais sustentáveis.

Como poderão tantos os estudantes, como as empresas beneficiar desta campanha?

Por um lado, os estudantes têm a oportunidade de adquirir ou aprofundar conhecimento. Por outro lado, as empresas têm oportunidade de mostrar o que fazem em prol da sustentabilidade, pois, por vezes, mesmo que a comunicação dessas vertentes seja muito boa, as pessoas não têm interesse de ir à procura. Dessa forma a campanha permite que facilmente essas informações cheguem aos estudantes. Para além disso, as empresas podem encontrar novos parceiros e fazer, dentro do possível, algum networking.

É de realçar o benefício mútuo para ambas as partes, já que os estudantes podem aprender sobre o mercado de trabalho e saber como funcionam as empresas por dentro e as empresas podem ter um contacto mais próximo com a comunidade da UP.

“…hoje em dia […] esta temática é ensinada numa vertente mais lúdica e chega, maioritariamente, apenas aos mais jovens.”

Na tua opinião, qual é o papel da Educação Ambiental?

Como esta campanha está ligada à Educação Ambiental, li muitos artigos sobre a situação em Portugal e a conclusão a que cheguei é que não é muito positiva e que ainda há muito a fazer relativamente a esta temática.

A Educação Ambiental é muito importante para mim porque se trata de sensibilizar a sociedade, desde os mais novos até aos mais velhos, para o facto de todos termos um contributo a partir das nossas escolhas e ações. Deve ser uma aprendizagem contínua e ser vista como algo que tem impacto na vida de todos, mas, infelizmente, parece-me que o que acontece hoje em dia é que esta temática é ensinada numa vertente mais lúdica e chega, maioritariamente, apenas aos mais jovens.

Todos os estudantes sejam de que área forem, devem ter Educação Ambiental integrada no plano curricular? E que papel podem os estudantes ter na divulgação das diferentes vertentes dessa matéria na sociedade?

Idealmente todos deveriam ter, mas na realidade os currículos são muito pesados e focados na própria área de estudo, o que torna difícil fazer essa integração. Apesar disso, a outra parte do meu relatório de estágio consistirá em propor um atelier ou uma oficina de Educação Ambiental facultativa e acessível a todos os estudantes da UP, o que ainda está na fase de idealização.

Academicamente, podia levar os estudantes a desenvolver um interesse maior em explorar nas teses, trabalhos e projetos o ambiente e as ligações que tem com todas as áreas de estudo, já que a interdisciplinaridade é muito importante para a investigação e a procura de soluções.

Os estudantes podem trabalhar em prol da sociedade, ao construir conhecimento, desenvolver soluções inovadoras para problemáticas relacionadas com as diferentes vertentes desta matéria. Ao estarem conectados com as empresas que querem, cada vez mais, associar-se às faculdades, [os estudantes] podem fazer investigação e ações com o objetivo de inovar nesta vertente.

“… queremos que a UP se mantenha na liderança desta mudança.”

Na tua opinião, a promoção da sustentabilidade que a UP faz é suficiente? Devia haver mais campanhas como esta?

A nível de unidades curriculares e cursos, já vários têm contemplada a vertente ambiental, principalmente os cursos científicos. Mas penso que seja necessário reforçar a temática ambiental tanto nas ciências sociais como nas ciências da educação. Com o estudo da última, os professores são formados e se eles não estiverem alertados para a temática ambiental e da sustentabilidade, gera-se um ciclo de falta de interesse/conhecimento que é passado aos alunos, o que não pode acontecer.

A UP tem um grande caminho a percorrer, mas há bastantes pontos positivos. Tem muitas organizações, núcleos e associações de estudantes, e o Comissariado para a Sustentabilidade da FEUP, que promovem muitas atividades neste sentido, como o Fórum do Ambiente em Engenharia, as Jornadas do Ambiente em Ciências, entre outros.

Para mim, falta um contributo mais centralizado, uma estratégia delineada para a sustentabilidade e para a promoção da mesma. As universidades em Portugal estão a “acordar”, cada vez mais, para a necessidade de serem mais sustentáveis em todos os aspetos possíveis e queremos que a UP se mantenha na liderança desta mudança.

As empresas têm acompanhado esta promoção da sustentabilidade pelas universidades e correspondido à preocupação dos consumidores?

Existem cada vez mais estudos que comprovam que o consumidor está mais alerta e espera das empresas um comportamento sustentável. Considero que, pouco a pouco, vai ser imperativo para as empresas tornarem-se sustentáveis, e de facto já muitas têm vindo a corresponder a essa expectativa.

Mas, por vezes, tem de se ter cuidado com as empresas que recorrem ao greenwashing, ou seja, as que usam produtos e estratégias para dar a ideia de que estão a fazer algo pelo ambiente, quando na verdade não estão. Daí ser tão importante os estudantes (todas as pessoas) estarem informados sobre tudo o que toca ao consumo para que não caiam neste género de “armadilhas”.

Para terminar, que mensagem gostarias de deixar aos estudantes da UP?

Convido todos os estudantes a participarem na campanha “Entra na Onda”. Como temos várias opções, quem não tiver tempo de participar nos webinars, pode sempre participar nos passatempos, giveaways ou ler os e-books.

Queremos motivar-vos a fazerem parte da mudança urgente que o ambiente tanto necessita, para tornar o mundo mais sustentável! E fazer-vos ver que esta mudança não é impossível, nem difícil. Basta termos atenção às escolhas que fazemos e tratarmos o ambiente com o respeito e a preocupação que merece!

Descobre mais em:
Evento no Facebook
Facebook Quercus

 

O JUP é parceiro para a comunicação social da campanha Entra na Onda.

Atualizado às 15h30 de 08/04/2021.

Texto por Maria Teresa Martins.

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