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Ciência e Saúde

Confinamento diminui poluição atmosférica e evita mortes

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(AP Photo/Emilio Morenatti)

Segundo o estudo liderado por profissionais da London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM), as medidas de isolamento não só evitaram que as pessoas ficassem doentes devido ao coronavírus, como as protegeram de enfermidades causadas pela poluição atmosférica. Os estudos analisaram 47 cidades europeias, e mostraram que Paris, Londres, Barcelona e Milão (que são umas das maiores cidades dos seus respetivos países) estão entre o top 6 de mortes evitadas causadas pela degradação da qualidade do ar.

A poluição atmosférica, cujas principais causas contemporâneas são a atividade industrial e o tráfico, foi reduzida devido ao encerramento de escolas e locais de trabalho, o que fez com que o movimento diminuísse consideravelmente. E, por isso, os níveis de substâncias tóxicas, como o dióxido de nitrogênio (NO2), também diminuíram.

De acordo com Antonio Gasbarrini, professor de bioestatística e epidemiologia da escola responsável pelo estudo, “esta “experiência natural” deu-nos uma ideia de como a qualidade do ar pode ser melhorada através de medidas drásticas de saúde pública que seriam difíceis de implementar em tempos normais.” Diz ainda que esta informação pode ser importante para a criação de ações políticas efetivas contra a poluição nas cidades.

A poluição pode dar-se de diversas maneiras e ocorre quando um ambiente está contaminado com algo que afeta negativamente a ordem natural do habitat. Como afirma a Organização Mundial de Saúde, a poluição atmosférica é um “assassino invisível” que toma como “presas” pessoas de qualquer idade: afeta os nossos cérebros, corações e pulmões.

As moléculas poluentes entram no corpo humano e, a cada respiração, quebram as barreiras protetoras dos pulmões e lançam compostos tóxicos, afetando o fluxo sanguíneo e prejudicando o corpo inteiro. Ao afetar o fluxo sanguíneo, aumentam a pressão arterial, o que pode levar a um infarte. Além disso, as toxinas no pulmão podem provocar cancro. Também estão relacionadas com enfermidades psiquiátricas, como a depressão e a esquizofrenia. Estima-se que 4,2 milhões de mortes ocorram anualmente devido às consequências da poluição atmosférica.

Segundo o site Business2Community, há nove contaminantes principais que formam a poluição atmosférica: ozono; monóxido de carbono; dióxido de enxofre chumbo; óxidos de nitrogénio; dióxido de carbono; metano; clorofluorcarbonetos e partículas de acumulação de poeira; metais; nitratos e; químicos orgânicos. Os mais conhecidos pelo ser humano são o CO2, os óxidos de nitrogénio e ozono (O3).

  • CO2 – é um gás de efeito estuda que afeta o clima. Produto da respiração da maioria dos seres vivos, é um gás absolutamente natural; no entanto, com a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento descontrolado de florestas, fica preso na atmosfera;
  • Óxidos de nitrogénio (NO, NO2) – originários de emissões de grandes fábricas industriais, carros e outros veículos. São associados a diversos problemas de saúde, como no sistema cardiovascular, sistema imunológico e no funcionamento dos rins. Além disso, causam chuvas ácidas.
  • O3 – originário da vazamento de carros, fontes industriais e elétricas, solventes químicos e vapores gasosos. É considerado especialmente tóxico para pessoas cujo sistema imunológico é comprometido.

Apesar da “experiência natural”, como disse Gasbarrini, ter tido efeitos positivos, ainda há um largo caminho a percorrer para mitigar a poluição atmosférica com efeitos duradouros. De acordo com a OMS, diretivas e investimentos que apoiem transportes mais limpos, habitações de energia eficiente, geração de energia, indústria e melhor gestão municipal de resíduos pode reduzir efetivamente as fontes dos poluentes atmosféricos.

Texto por Domitilla Mariotti Rosa. Revisto por Maria Teresa Martins.