Ciência e Saúde

Estatinas podem desacelerar o cancro

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Foi publicado, a 20 de Fevereiro de 2022, no jornal Clinical and Translational Medicine um estudo sobre estatinas conduzido por investigadores da Experimental and Clinical Research Center (ECRC). Este tinha como objetivo perceber o impacto das estatinas, medicação utilizada no controlo dos valores de colesterol, no desenvolvimento de metástases.

Há mais de dez anos, a investigadora Ulrike Stein e a sua equipa descobriram que o processo de metastização do cancro colorretal se devia ao gene associado às metástases no cancro do cólon (MACC1).

Quando as células cancerígenas expressam o gene MACC1, a sua capacidade de proliferar e invadir outros tecidos e órgãos (metastizar) aumenta. A elevada expressão deste gene é responsável pelo crescimento tumoral e metastização, não só no caso do cancro colorretal, mas também no caso de mais de 20 outros tumores sólidos, como o cancro gástrico, fígado e mama.

Os autores do estudo em questão descobriram agora que a utilização de estatinas interrompe a progressão metastática ao inibir a expressão do gene MACC1 nas células tumorais. Para chegar a esta conclusão, os investigadores administraram diferentes tipos de estatinas a camundongos geneticamente modificados para apresentarem maior expressão de MACC1. Verificou-se a quase total supressão da formação de tumores e metástases nestes animais. A autora afirma: “É notável a existência de benefícios mesmo com doses inferiores às que os humanos normalmente tomam”.

Para além desta investigação, outra foi conduzida juntamente com cientistas da Universidade da Virgínia, onde foram examinados dados relativos a um total de 300 000 pacientes que receberam estatinas. Nesta verificou-se que “Os pacientes que tomam estatinas tiveram apenas metade da incidência de cancro em comparação com a população em geral”, explica Preißner, autor deste estudo.

Apesar dos resultados promissores destes fármacos na prevenção do cancro, Ulrike Stein enfatiza, “Os camundongos não são seres humanos, então não podemos transferir diretamente os resultados.”, desaconselhando nesta fase o uso de estatinas como medida preventiva nestas situações.

Mais ensaios clínicos estão a ser desenvolvidos nesta área, sendo que só depois de conhecidos os resultados será possível dizer com certeza se as estatinas realmente previnem o desenvolvimento de metástases em pacientes com alta expressão de MACC1.

Texto por Sara Tainha. Revisto por Maria Teresa Martins.

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