Ciência e Saúde

Bactéria Gigante Visível a Olho Nu

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Thiomargarita magnific, uma bactéria gigante visível a olho nu, foi caracterizada num estudo publicado no mês passado. Apesar de o organismo ter sido descoberto há mais de uma década, só agora foi possível concluir que se trata, de facto, de uma bactéria. A dificuldade de caracterização deve-se parcialmente às características da mesma, que desafiam a definição de bactéria e microrganismo.

As bactérias da espécie T.magnific identificadas têm em média 1 cm e são cerca de 50 vezes maiores do que as bactéricas previamente classificadas como gigantes. A maior bactéria identificada tem mais de 2 cm (sendo maior do que a mosca da fruta comum) e é visível a olho nu. Apesar do tamanho admirável, investigadores acreditam que em condições ideais a bactéria é capaz de atingir dimensões ainda mais impressionantes.

Comparação de tamanho de vários microroganismos, publicada no estudo original de Volland et al. (DOI: 10.1101/2022.02.16.480423)

Este é o primeiro microrganismo unicelular (ou seja, composto por uma célula) capaz de atingir estas dimensões a ser descoberto e caracterizado. As bactéricas são organismos Procariontes, ou seja, células em que o material genético existe disperso no citoplasma, sem um núcleo individualizado por uma membrana e com poucos organelos celulares. No entanto, o material genético da recém descoberta T.magnific está encapsulado numa membrada (ou saco) que se assemelha a um antecessor do que será o núcleo nos Eucariotas (organismos mais complexos). Para além de encapsulado por uma membrana, o DNA da bactéria é também de uma complexidade impressionante, sendo composto por onze milhões de bases, contendo cerca de onze mil genes distintos.

Para além da membrana que contém o material genético, um segundo saco, composto por água, surpreendeu igualmente os investigadores. Graças a este saco, a bactéria é composta por 73 % de água. Em declarações à revista Science, investigadores teorizam que a elevada percentagem de água, isolada por uma membrana, poderá ser responsável pelo crescimento anormal da bactéria.

A combinação de todas estas características fazem de T.magnific  o procarionte mais complexo descoberto, que desafia as definições típicas de procarionte e eucarionte, sugerindo uma dimensão da evolução biológica que a comunidade científica desconhecia.

Texto por Rita Prata Magalhães. Revisto por Maria Teresa Martins.

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