Ciência e Saúde

Procura por medicamentos com iodeto de potássio dispara

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Após a invasão russa à Ucrânia, as declarações do Presidente russo sobre a utilização de armas nucleares e o ataque junto à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia verificou-se uma crescente procura, em toda a Europa, por suplementos e medicamentos com iodeto de potássio.

Devido à procura desenfreada, a Ordem dos Farmacêuticos alerta para a publicidade enganosa uma vez que os benefícios da profilaxia com iodeto de potássio em caso de acidente nuclear com libertação de isótopos de iodo radioativo são praticamente nulos.

Em caso de acidente nuclear, é libertada uma elevada quantidade de iodo-131 produzido pela fissão do urânio. Em caso de exposição prolongada, por ingestão de alimentos contaminados ou inalação, o iodo-131 ao fixar-se na tiroide e ao emitir raios gama e beta durante o seu decaimento, provoca danos celulares e cancro nesta glândula endócrina, que é responsável pela produção de hormonas essenciais ao organismo.

Categoricamente, a toma de iodo estável poderá prevenir, por competição, a concentração de iodo-131 na tiroide. No entanto, não reverte danos se a tiroide já tiver sido afetada.

Os suplementos ou medicamentos à venda em Portugal com iodeto de potássio têm doses muito inferiores às recomendadas em caso de exposição a isótopos radioativos. Em Portugal, o Iodeto de Potássio GL Pharma 65mg é o único medicamento aprovado pelo INFARMED indicado para a utilização em caso de acidentes nucleares e não está à venda nas farmácias. Teresa Peixe, autora do site Farmacêutica em Família, explica que para os medicamentos com iodeto de potássio comercializados em Portugal terem esse efeito profilático poderiam ser necessários 600 comprimidos, no caso de um adulto. Todos estes medicamentos são sujeitos a receita médica e por isso não devem ser tomados sem indicação médica.

Fonte: INFOMED

Estudos que demonstram a eficácia percentual da profilaxia com 100 mg de iodeto de potássio em relação ao tempo de administração e exposição ao iodo radioativo revelam que a toma deste tipo de medicamentos 96h antes da exposição tem uma eficácia de apenas 5%. Por essa razão, é inútil a toma de comprimidos de iodeto de potássio preventivamente.

Para além disso, a toma de suplementos de iodeto de potássio não tem ação sobre outros elementos radioativos como, por exemplo, o césio-137 ou sobre outros órgãos para além da tiroide.

Paralelamente, em caso de acidente nuclear a nuvem de radioatividade resultante pode percorrer até 500 km. Assim, descartando a possibilidade que o desastre nuclear se dê em solo espanhol ou mesmo em Portugal, não existe qualquer razão para alarmismos.

Texto por Diana Cunha. Revisto por Maria Teresa Martins.

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