Ciência e Saúde
XIII Simpósio de Bioengenharia
O XII Simpósio de Bioengenharia, organizado por estudantes do núcleo de Bioengenharia FEUP/ICBAS, ocorreu nos passados dias 25, 26 e 27 de março, reunindo na Faculdade de Engenharia os temas mais atuais e inovadores da área. O Symbio despertou a atenção dos participantes para temas tão variados como as alterações climáticas, investigação forense, desporto e biocombustíveis, proporcionando um fim de semana de aprendizagem e divulgação científica.
Por opção da organização, o evento foi realizado totalmente em inglês, de modo a permitir que os conteúdos abordados fossem acessíveis tanto aos oradores internacionais, como aos estudantes estrangeiros.
Sexta-feira, dia 25
O primeiro dia, sexta feira, foi inteiramente dedicado a workshops, visitas a empresas e ao centro de investigação i3S, tendo mostrado uma vertente mais prática da bioengenharia.
Os workshops incluíram temas de várias áreas dentro da bioengenharia (engenharia biológica, engenharia biomédica e bioengenharia molecular). Isto tornou possível aos participantes contactar, de forma prática, com as ferramentas e técnicas características do mundo do trabalho e da investigação científica.
Para além de workshops relacionados com as “hard skills”, também as competências transversais ou “soft skills”, como comunicação e oratória, foram abordadas em workshops, evidenciando a sua importância no mundo do trabalho.
Sábado, dia 26
Já durante o fim de semana, o evento contou com 6 painéis temáticos que lotaram o grande auditório da FEUP com oradores nacionais e internacionais, bem como alunos e entusiastas de bioengenharia de todo o país. No sábado, a manhã foi iniciada com testemunhos de antigos alunos do curso de Bioengenharia da FEUP/ICBAS, com a divulgação do trabalho que seguiram após o curso, oferecendo aos participantes uma perspetiva sobre o mundo do trabalho e o que esperar do emprego na área.
O segundo painel contou com a discussão sobre biocombustíveis e a produção de alternativas aos combustíveis fósseis. Neste, foi discutida a relevância dos biocombustíveis no futuro que parece estar a diminuir, e que novas alternativas biológicas estão a surgir no mercado.
Já na parte da tarde, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o papel da bioengenharia no desporto. Foram expostos tratamentos que inovam pela utilização de biomateriais para a reparação de meniscos, a importância da neuroplasticidade na performance mental de atletas de alta competição e uma análise bioquímica aos indicadores biológicos que separam os atletas de alta resistência dos restantes.
O sábado terminou com um painel sobre investigação forense e contribuições da bioengenharia na descoberta de mistérios e crimes. Numa área menos evidente, o painel surgiu como uma demonstração dos contributos de modelos de previsão e simulação biológicos na resolução de problemas forenses como crimes e acidentes.
Domingo, dia 27
O último dia do evento focou-se novamente na divulgação do conhecimento através de um painel acerca de controvérsias na ciência. Neste encaixaram-se temas como a engenharia genética, as vantagens e desvantagens do consumo de canabinóides e a biometria como forma de identificação pessoal a nível sistémico.
O segundo painel da manhã destacou os impactos da bioengenharia nas alterações climáticas. O avanço da inteligência artificial e os custos ambientais que advém da sua implementação, a possibilidade da utilização de algas em produções industriais para diminuir o impacto na produção industrial e a síntese de carne em laboratório foram discutidos pelos oradores. Sendo que foram sempre tidos em conta os impactos destes ramos da engenharia na situação climática atual.
A tarde de domingo começou com apresentações acerca das diversas técnicas de bioengenharia na medicina. Nesta área realçaram-se a utilização de biomateriais na produção de órgãos para transplante, de modo a diminuir a possibilidade de rejeição, a utilização de campos elétricos na cura de um tipo de cancro cerebral e a abordagem da microbiologia ao tratamento da Doença de Parkinson.
O último painel do fim de semana teve como mote “Game Changing Engineering”, onde foram abordadas ideias e conceitos inovadores da bioengenharia nos dias de hoje. Temas como a importância e desenvolvimento da biometria depois do aumento da segurança após o 11 de setembro, a terapia de infeções bacterianas causadas por interações entre microrganismos e utilizações de engenharia genética para a regeneração de discos vertebrais fecharam o evento.
Para além dos painéis de divulgação científica, o evento contou também com um concurso, “Science under 5’”, aberto aos participantes do Simpósio. Neste, os concorrentes tiveram a oportunidade de apresentar um trabalho da sua autoria na área da bioengenharia em menos de 5 minutos e serem avaliados por um júri da área.
Ao longo do fim-de-semana, ocorreram também várias sessões de “Speed-dating” com os oradores, oferecendo aos participantes a possibilidade de conversarem e discutirem de maneira mais próxima com os especialistas da área.
Em retrospectiva, a organização faz um balanço positivo, tendo contado com cerca de 260 participantes em formato presencial e 36 em formato online, os números de participação mais elevados desde o início deste evento. O formato híbrido foi uma novidade deste ano, proveniente de adaptações à pandemia, que permitiu a participantes das Universidades da Madeira, Beira Interior, Lisboa e Setúbal, entre outros, assistir ao evento, alargando assim cada vez mais os horizontes do mesmo.
Para um próximo simpósio, a organização promete “novos temas inovadores e “fora da caixa” da área de Bioengenharia, com palestras dadas por profissionais de renome”.
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Texto por Maria Amaro. Revisto por Maria Teresa Martins.