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Paradoxo de Fermi

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“Onde está toda a gente?” é a pergunta colocada por Enrico Fermi, em 1950, que iniciou reflexões sobre a ausência de sinais de vida extraterrestre, apesar da vastidão do Universo.

 

A origem do Paradoxo de Fermi

O paradoxo de Fermi surgiu numa conversa casual durante um almoço, em 1950, entre Enrico Fermi e três colegas de trabalho. Enquanto discutiam sobre relatos recentes de objetos não identificados, Fermi surpreendeu os colegas ao perguntar “onde está toda a gente?”.

No entanto, o físico nunca publicou qualquer artigo a explicar o “Paradoxo de Fermi”. Aliás, este termo foi introduzido formalmente, pela primeira vez, num artigo de 1977, por David Stephenson.

O Paradoxo

Existem várias formulações diferentes do Paradoxo de Fermi. Stephen Webb, físico e escritor americano, define o paradoxo da seguinte forma:

“Se civilizações extraterrestres têm existido por muito tempo, é esperado que colonizem a Galáxia. […] No entanto, não vemos sinais delas. Já deveríamos saber da sua existência, mas não sabemos. Onde está toda a gente? Onde estão eles?”

Um paradoxo é, por definição, uma afirmação contraditória que desafia a lógica. No contexto do Paradoxo de Fermi, a aparente contradição reside na probabilidade da existência de vida extraterrestre, mas a ausência de evidências físicas da sua presença. Alguns autores argumentam que, neste contexto, o termo “paradoxo” não é de todo apropriado, visto existirem várias explicações possíveis para esta aparente discrepância.

A equação de Drake

Na nossa galáxia, existem milhares de milhões de estrelas parecidas com o Sol, e muitas delas têm planetas semelhantes à Terra. Sendo algumas muito mais antigas que o Sol, é possível que se tenha desenvolvido vida inteligente no passado. Essas civilizações podem mesmo ter inventado formas de viajar entre as estrelas.

Em 1961, o astrofísico americano Frank Drake propôs uma equação para estimar o número de civilizações extraterrestres inteligentes na nossa galáxia, com as quais a comunicação seria possível. Esse número corresponde à letra N, e depende de vários parâmetros.

Com a informação disponível atualmente, não se conhece o valor exato de muitos dos termos desta equação, pelo que os valores estimados para N variam consideravelmente.

Por exemplo, se assumirmos que as civilizações inteligentes desaparecem 10 anos após iniciarem a radioastronomia (que, na Terra, começou no século passado), então N será próximo de 1. Isto significaria que estamos sozinhos na galáxia.

Se, por outro lado, 1% das civilizações não se autodestruírem, então N seria cerca de 1 milhão. Isto corresponderia a uma galáxia cheia de civilizações inteligentes.

Equação de Drake. Adaptado e traduzido de exoplanets.nasa.gov/news/1350/are-we-alone-in-the-universe-revisiting-the-drake-equation

Possíveis explicações do Paradoxo de Fermi

Perante a falta de respostas ao paradoxo de Fermi, vários cientistas têm vindo a propor diferentes explicações para o silêncio do espaço.

Uma delas prende-se com o facto de vida extraterrestre poder ser rara ou inexistente. Isto pode acontecer por causa de catástrofes naturais, das quais as civilizações não conseguem recuperar, de forma semelhante ao que aconteceu com os dinossauros. Outro motivo seriam os “Grandes Filtros”, uma teoria de Robin Hanson que defende que algumas etapas da evolução da vida são muito improváveis – como o aparecimento de células ou de animais inteligentes.

Outra possibilidade é que a vida inteligente está demasiado longe para conseguir contactar com a Terra. A nossa galáxia tem 100 mil anos-luz de diâmetro; isto significa que as ondas rádio que a humanidade está a produzir neste momento só serão detetadas no outro lado da galáxia daqui a 100 mil anos. Como estas emissões rádio só começaram a ser produzidas há pouco mais de um século, os sinais da vida na Terra encontram-se espalhados apenas num raio de cerca de 100 anos-luz.

Alguns cientistas defendem também que a vida extraterrestre pode ser tão diferente da vida na Terra que simplesmente não é possível percebê-la. Carl Sagan escreveu num dos seus livros que a velocidade de pensamento de uma espécie extraterrestre pode ser muito mais rápida ou muito mais lenta do que a dos humanos. Isto faria com que quaisquer mensagens rádio que estes nos tentassem transmitir parecesse barulho de fundo do Universo.

Perante a incerteza proporcionada pelo Universo, existem muitas outras possíveis explicações que tentam dar resposta ao Paradoxo de Fermi. Uma delas sugere que as civilizações inteligentes podem não desenvolver tecnologias avançadas. Outros cientistas defendem que faz parte da natureza da vida inteligente autodestruir-se. Outros, que talvez as civilizações se isolem em mundos virtuais.

Além de tudo isto, há a possibilidade de que a humanidade esteja simplesmente a procurar de forma errada. O Paradoxo de Fermi é, por vezes, mencionado como “o grande silêncio”, e continua a ser motor de discussões por parte da comunidade científica.

Texto por Isabel Sousa. Revisto por Diana Cunha.

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