Ciência e Saúde

A Importância da Socialização para um Envelhecimento Ativo e Saudável

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O aumento da longevidade é um dos avanços mais significativos da humanidade, consequência direta dos progressos na medicina. O envelhecimento tornou-se comum, mas esta conquista também trouxe consigo um dos principais desafios do século XXI: como envelhecer com qualidade?

 

De acordo com os dados disponibilizados no site da PORDATA, a pirâmide etária de Portugal está invertida, ou seja, cada vez existem mais pessoas idosas e menos jovens. Portugal ocupa o quinto lugar, a nível mundial, na lista de países mais envelhecidos.

Os avanços tecnológicos no campo da saúde permitiram que a esperança média de vida subisse de 73,97 anos para 80,96 (em 1990-1992 e em 2020-2022, respetivamente), garantindo a este segmento populacional mais anos de vida. Porém, maior longevidade não significa mais qualidade de vida.

O tema do envelhecimento está cada vez mais na ordem do dia por um conjunto de fatores. Primeiro, porque existe uma associação errada deste processo normal com a demência. O envelhecimento físico, é algo inevitável. Mas, será que existe um envelhecimento psicológico, cognitivo e social? Sempre se acreditou que a velhice se traduzia por uma notável diminuição dos processos cognitivos. As investigações dos últimos 20 anos têm permitido matizar estas afirmações, ao adiantar que é possível conservar a saúde mental até ao fim da vida, e, que a maior parte das pessoas o conseguem.

Para envelhecer com qualidade

A manutenção da saúde mental na pessoa idosa é, em parte, devida a um envelhecimento bem-sucedido, que a torna apta a enfrentar e controlar as naturais pressões geradas pelo avançar da idade e pelas perdas que acompanham essa realidade.

No contexto de um envelhecimento com qualidade, a socialização desempenha um papel fundamental. É essencial manter os idosos ativos para que o processo de envelhecimento não seja visto como algo assustador. No entanto, é muito recorrente encontrar vários idosos, maioritariamente aqueles que vivem em aldeias pouco habitadas, em situações de depressão devido à solidão que enfrentam todos os dias.  Isto pode ocorrer devido ao facto de os familiares viverem longe e não terem disponibilidade para fazer visitas regulares.

O processo de envelhecimento envolve alterações ao nível dos sistemas mentais, da personalidade, das motivações, das aptidões sociais e dos contextos biográficos de cada indivíduo. Quer isto dizer que o envelhecimento, do ponto de vista psicológico, vai depender de fatores de ordem genética, patológica(doenças e/ou lesões), de potencialidades individuais (processamento de informação, memória, desempenho cognitivo, entre outras), com inferência do meio ambiente e do contexto sociocultural.

Assim sendo, é necessário realçar a importância das formas de compensação que cada um  utiliza para fazer face as perdas associadas ao envelhecimento, pois estas vão influenciar significativamente a qualidade de vida e o bem-estar psicológico da pessoa idosa.

A este propósito, Elizabete Freitas acrescenta que, com as mudanças provenientes da idade, muitos idosos têm a tendência de se isolarem (por consequência do abandono do grupo social em que estavam inseridos quando trabalhavam) e, assim, diminuírem as relações sociais. É comum que problemas de socialização e isolamento social na pessoa idosa resultem em problemas emocionais, como hostilidade, raiva e até mesmo pensamentos suicidas. Isso acontece porque o isolamento social e a falta de interações sociais podem levar a uma piora da saúde mental e do bem-estar psicológico dos idosos. Além disso, episódios de stress podem potencializar o aparecimento de acidentes cardiovasculares e morte súbita.

Heather Gilmour, desenvolveu um estudo no qual inferiu a importância e o papel que a socialização desempenha na velhice. O artigo apresenta uma disparidade nas duas amostras de idosos estudadas, o grupo que mostrou maior participação social revelou melhor qualidade de vida. O desenvolvimento de projetos de inclusão social nesta faixa etária pode vir a representar uma esperança de uma velhice com mais qualidade.

Artigo redigido por Rafael Maria Pires e Marinho. Revisto por Diana Cunha.

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