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Ciência e Saúde

Novo medicamento contra o cancro do pulmão mostra resultados promissores

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Foto: Naturopathic Doctor News and Review, Oregon State University on Flickr

Um novo medicamento contra aquele que é o cancro mais comum em todo mundo mostrou resultados “extraordinários”, segundo os médicos e investigadores que conduziram os ensaios recentemente apresentados.

 

Chamado de lorlatinib, o medicamento contra o cancro do pulmão, cujo desenvolvimento foi financiado pela farmacêutica Pfizer, foi sujeito a ensaios clínicos de fase 3, envolvendo um total de 296 pacientes com cancro do pulmão.

Os resultados, apresentados no passado mês de maio na conferência anual da ‘American Society of Clinical Oncology’ (ASCO) em Chicago, nos Estados Unidos da América, demonstram que mais de metade (60%) dos pacientes que tomaram esta nova medicação não tiveram progressão da doença num prazo de 5 anos. Em comparação, para os pacientes do grupo de controlo, a quem foi administrado crizotinib, um outro medicamento da Pfizer contra o cancro do pulmão, a percentagem de sobrevivência sem progressão da doença foi de apenas 8%.

A maioria dos pacientes experienciou, no entanto, alguns efeitos secundários: 77% dos pacientes a quem foi administrado lorlatinib e 57% dos pacientes de controlo, reportaram inchaço, colesterol alto e níveis lipídicos elevados.

Ainda assim, os resultados mostram-se muito positivos, tal como descrevem os investigadores responsáveis. Benjamin Solomon, médico oncologista no centro oncológico Peter MacCallum em Melbourne, na Austrália e autor principal do estudo, afirma que estes são resultados “sem precedentes”, sendo este medicamento aquele que apresentou a sobrevivência livre de progressão mais longa alguma vez registada.

Os pacientes envolvidos no estudo tinham um subtipo de cancro do pulmão, chamado de células não-pequenas, associado a uma mutação no gene ALK. Quer o lorlatinib, quer o medicamento de controlo crizotinib, foram desenvolvidos para este alvo em específico, que representa 5% dos cancros de pulmão de células não-pequenas e é tipicamente diagnosticado em pessoas jovens e que não fumam. Ambos os medicamentos são inibidores da tirosina quinase ALK (TKI), tratamentos específicos que se ligam à proteína ALK presente no cancro do pulmão de células não-pequenas ALK-positivo e impedem o crescimento das células tumorais.

Julie Gralow, diretora médica da ASCO afirma que “não é preciso uma lupa para ver a diferença entre estes dois medicamentos. (…) 60% de sobrevivência livre de progressão a cinco anos no cancro do pulmão de células não-pequenas é algo inédito.”

David Spigel, diretor científico do Instituto de Pesquisa Sarah Cannon e também ele membro da ASCO, salienta a novidade dos resultados: “Simplesmente não temos resultados como estes na oncologia com muita frequência, muito menos no cancro do pulmão de células não-pequenas. Estes estão entre os melhores resultados que observámos em doenças avançadas em qualquer ambiente (…) um avanço realmente importante no tratamento do cancro do pulmão.”

As estimativas do ano de 2022 da Global Cancer Observatory apontam o cancro do pulmão como o mais comum em todo o mundo, representado 12.4% do total de novos casos de cancro e sendo responsável por 1.8 milhões de mortes por ano. A taxa de sobrevivência torna-se ainda mais limitada em casos de formas avançadas da doença, onde os tumores já se alastraram. Os resultados deste estudo são uma nova esperança para o tratamento deste subtipo de cancro do pulmão e um importante progresso na investigação de novos tratamentos oncológicos.

 

Artigo da autoria de Ana Luísa Silva. Revisto por Joana Silva.