Ciência e Saúde

PLUTÃO: AO FIM DE NOVE ANOS

Published

on

Ao longo dos quase dez anos que demorou para que a sonda chegasse onde está agora (cerca de 9500 milhões de quilómetros), muitas evoluções e descobertas se fizeram no planeta que o viu partir. A tecnologia evoluiu em grande escala. Com ela, foram feitas novas descobertas, destacando-se dois planetas satélites a orbitar Plutão, desconhecidos até à altura: Kerberos e Styx (descobertos em 2011 e 2012 respectivamente). Algumas dúvidas surgiram se estes novos astros interferiram com a trajectória meticulosamente calculada da sonda, mas para alívio da comunidade científica, nenhum dos planetas satélite tinha força gravitacional suficiente para lhe alterar a rota, devido à velocidade a que esta está a percorrer o Sistema Solar, cerca de 16 quilómetros por segundo.

Mal foi recebido o sinal de aproximação ao planeta anão, foi grande a espectativa da comunidade científica, que tinha vindo a receber fotos de crescente qualidade à medida que a sonda se aproximava. Teriam de esperar algumas horas para que os dados fossem transmitidos para a Terra. Só por essa altura se iria poder ver o primeiro resultado de todos aqueles anos de planeamento, cálculos e milhões gastos para que aquela sonda pudesse ali estar.

Na terça-feira foi revelada a primeira foto com definição de Plutão, aí estava uma frase que até agora não passava de mera ficção. Todo o mundo pôde ver o planeta anão, desde a sua cor de caramelo até à sua mancha junto ao polo sul em forma de coração. Das primeiras descobertas feitas através daquelas imagens, segundo a NASA, foi que o planeta era ligeiramente maior do que o inicialmente estimado.

Não sendo possível aterrar devido à velocidade que teve de ser alcançada para chegar lá chegar “depressa” (para pousar a sonda teria de ser muito mais pesada, com grandes quantidades de combustível para poder abrandar), segue-se uma sequência de fotos à superfície de Plutão e dos seus planetas satélite, cujas fotografias, quando aplicadas ao Planeta Terra, a uma foto de Lisboa, permitiriam ver as pontes sobre o Rio Tejo. Nos primeiros dias serão enviadas algumas fotos dos planetas satélite e da superfície, para depois, já longe de qualquer astro, serem enviadas todas as fotos recolhidas aquando da passagem, processo que se estima demorar vários meses.

Depois de Plutão, a sonda continuará a sua viagem para a Cintura de Kuiper, uma zona do Sistema Solar composta por objectos semelhantes a cometas sem cauda, que são catalogados como corpos gelados. O termo gelado, no espaço, refere-se a temperaturas tão negativas que gases como o azoto solidificam (ponto de solidificação à volta de -210 graus celsius). A NASA encontra-se neste momento a estudar candidatos a serem fotografados pela sonda aquando da sua passagem por aquela área, pelo que afirmar que New Horizons limitar-se-á a fotografar Plutão é uma afirmação completamente falsa.

No mesmo ano em que se aterrou com sucesso num cometa, se viu chegar uma sonda a Ceres e se testaram aeronaves apelidadas de “futuro da exploração espacial”, desvendámos por fim o mistério por detrás de Plutão, podendo pela primeira vez vislumbra-lo em algo mais do que fotografias de má qualidade. 2015 conseguiu provar uma vez mais que está ser um dos melhores anos da história recente da exploração espacial , estando-se a dar passos naquilo que é a realidade, reduzindo cada vez mais aquilo que nunca sempre chamamos ficção.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Exit mobile version