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Polímeros de Impressão Molecular: recetores artificiais
O primeiro artigo a reportar o termo “polímero impresso” surgiu em Lund, em 1984. No entanto, o termo “polímero de impressão molecular” foi utilizado pela primeira vez alguns anos mais tarde, em 1992.
Os polímeros de impressão molecular (MIP) são recetores artificiais específicos para uma molécula alvo. Esta técnica mimetiza o reconhecimento observado nos sistemas naturais anticorpo-antigénio, enzima-substrato ou fármaco-recetor. Ou seja, funcionam por um mecanismo de “chave e fechadura” para ligar seletivamente a molécula com a qual foram moldados durante a produção.
Como um sistema de identificação artificial, os MIPs têm vantagens sobre os sistemas de identificação natural nomeadamente, baixo custo, durabilidade, estabilidade e resistência. Além disso, são mais baratos e podem ser armazenados à temperatura ambiente por longos períodos de tempo.
Na sua produção, o polímero é processado usando uma técnica de impressão molecular deixando uma cavidade na matriz polimérica com afinidade para uma determinada molécula “modelo”. Normalmente, este processo envolve a produção de um polímero, através da polimerização na presença de monómeros, e de uma molécula molde, ligados covalentemente ou não covalentemente. Posteriormente, a molécula molde é extraída do polímero deixando livres as cavidades complementares em tamanho, forma, grupos funcionais e orientação, disponíveis para religação.
No fundo, ao imprimir-se “memória” na fase de produção do MIP, quando este for exposto a uma amostra que contenha a molécula alvo, este terá a capacidade de captar essa molécula, mesmo numa amostra complexa.
Os MIPs têm sido amplamente utilizados em processos de extração como, por exemplo a extração em fase sólida, em separação cromatográfica, reconhecimento de biomoléculas e em processos de deteção quando incorporados como elementos de reconhecimento, por exemplo, em sensores e biossensores.
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Texto por Diana Cunha. Revisto por Maria Teresa Martins.