Ciência para Todos
Hidrogéis
Já desde da década de 1930, maioritariamente na Alemanha, que os primeiros trabalhos com hidrogéis foram iniciados. Mas foi desde a publicação do livro de Joseph Andrade, “Hydrogels for Medical and Related Applications”, em 1976, que o foco no estudo dos hidrogéis se começou a intensificar.
Os hidrogéis são redes tridimensionais formadas pela repetição de vários blocos iguais à escala molecular, que têm a capacidade de reter grandes quantidades de água. Como resultado, geram estruturas com aspeto gelatinoso que são capazes de recriar várias caraterísticas dos tecidos do corpo humano. Um hidrogel, ao nível molecular, consiste na repetição dos mesmos blocos (monómeros) que interagem física ou quimicamente para formarem uma estrutura tridimensional polimérica (um polímero é o que resulta da repetição de vários monómeros).
O que torna estes materiais tão interessantes é o facto de na presença de água serem capazes de inchar e de a reter em grandes quantidades, tal como muitos dos tecidos do corpo humano.
Duas das grandes vantagens dos hidrogéis são a versatilidade e a simplicidade com que se podem fazer modificações nas suas propriedades mecânicas (mais ou menos rijos, por exemplo) e modificações químicas, através da introdução de moléculas que permitem recriar com maior precisão os ambientes presentes no corpo humano.
Vários polímeros servem de base para a formação de hidrogéis, dividindo-se de acordo com diversos critérios, como quanto à sua origem, natural ou sintética.
Nos polímeros naturais, os mais utilizados são o quitosano (obtido a partir de cascas de crustáceos, por exemplo), o alginato (retirado de algas castanhas-marinhas) ou a gelatina. Exemplos de polímeros sintéticos são o poli etilenoglicol (PEG), um derivado do petróleo, ou a poli hidroxietilmetacrilato (pHEMA), que é sintetizado em laboratório.
Atualmente, os hidrogéis são usados para uma grande variedade de produtos, como lentes de contacto; pensos para o tratamento de feridas; sistemas de entrega de fármacos; engenharia de tecidos para reparar tecidos danificados no corpo humano e; até em produtos de higiene, como fraldas, para melhorar a absorção e impedir o crescimento de microrganismos.
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Texto por Pedro Alves. Revisto por Maria Teresa Martins.