Cultura

OS DE PHAZZ VOLTAM AO CLUB

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O NOS Club expõe-se como um momento de transfiguração da Casa da Música. Vemo-la cheia de vislumbres, os seus cantos obtusos preenchidos com cores garridas. Na parede norte, sobre a curadoria da Dub Video Connection, projecta-se uma paisagem vinda de um PolyPhauna, dos Radiohead. Experimentamos a ponta do moderno nesta Casa entalada em todos os tempos.

DJs enchem os seus múltiplos bares com uma banda sonora pouco usual, no espaço Cibermúsica bandas jovem experimentam os seus acordes, numa sala de ensaios, Álvaro Costa ensina e aborda a musicologia do rock. A sala Suggia e a Sala 2 são os efectivos palcos de concertos. O primeiro a nos musicar foi o dos We Trust.

O projecto de André Tentugal abre o set com pop épico: muito ênfase e sintetizadores, onde se junta um trombone para prover algum brilho. É imediatamente chamativo, mas não prolongado: as canções repetem clichés e referenciam Sade, Pharell. Uma das últimas músicas é um cover da insinuosa Hey Ya, dos Outkast. Com o desenrolar do concerto, acabam por se revelar uma banda de rádio.

Fica-se na dúvida se por detrás deste aspecto está uma questão de substância ou o factor espectáculo. No caso do último, ainda não nos esquecemos da fantástica coboiada que foi o concerto dos Linda Martini no NOS Club, uma Sala 2 cheia em cima do palco com essa devoção íntima e frenética, banda como momento de afirmação pessoal. É dar-lhes mais tempo e, quem sabe, repete-se a receita.

Ficamos ainda com a revelação que There Must Be a Place, banda que junta We Trust e Best Youth, irá-se apresentar ao vivo em breve. Seguiu-se o concerto mais esperado da noite, o dos Padrinhos do lounge, que deixaram dezenas de pessoas à espera antecipada na portas da Sala Suggia. A faixa das idades evidencia o 1997 onde se começou a ouvir esta simbiose entre downtempo e sonoridades como jazz, soul, etc. Foi difícil mas finalmente ouvimos os De Phazz em Portugal.

Em palco, apresentam-se com baterista, baixista e solistas, nestes caso um saxofonista e dois cantores. O restante recheio sonoro provem de um computador. Esta forma de re-elaborar a música electrónica do conjunto é curiosa: ao mesmo que mantém naturalidade (alguns dos sons são efectivamente os mesmos), também está transposta para um contexto ao vivo.

Com o tempo, o factor espectáculo começa a evidenciar-se e apercebemos de uma verdade um pouco retorcida: esta música pertence ao espectáculo, e não o espectáculo que pertence à música. É uma expressão linearmente electrónica, e se por um lado portam alguns factores de interesse na interpretação, por outro são inequívocas as suas limitações. Os instrumentais virtuais seguiam-se uns aos outros, fazendo do espectáculo uma espécie de play back controlado. Os momentos marcantes dos solistas foram epifanias desta dependência. Ouvimos um set meticulosamente calibrado, sem supresas.

No final, o lounge dos CDs é o mesmo ao vivo.

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