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Cultura

AS VÁRIAS FORMAS DA ARTE EM BOMBARDA

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Realizando-se várias vezes ao ano, este acontecimento é já símbolo e costume para muitos. Tendo vindo a crescer ao longo das várias edições, reunindo exposições de arte, atividades paralelas e animação de rua, que depois que se conjugaram com o comércio e lojas de design locais, este ano marcou a diferença ao enriquecer a programação com visitas guiadas às exposições patentes.

A adesão ao evento foi em grande: as cerca de 19 galerias encheram-se do público habitual, que se dirige diretamente àquelas que conhece bem, com expetativa e olhares atentos, e daquele mais curioso e independente que circula livremente, explorando a totalidade do evento.

Além de ser ocasião onde artistas com percurso reconhecido ou novos emergentes têm oportunidade de exibir a sua obra com garantia de acesso do público em multidão, a singularidade do evento reside na conjugação de diversos acontecimentos e sítios: torna-se lugar de contacto, troca e interação. Tudo se conjuga, tudo interage. O JUP tirou partido deste ambiente singular e falou com alguns artistas sobre as suas obras e processos criativos.

Foi o caso da artista plástica Lituana Zaneta Jasaityté, que esteve a acompanhar a sua inauguração na Galeria Serpente. “Looking over the landscape” explora através das técnicas gráficas as abordagens de transmissão dos sentimentos íntimos da artista. Tal como o seu motivo é pessoal, distinto e intransmissível, a monotipia, técnica por que opta, é um processo cujos resultados são igualmente únicos e irrepetíveis e serão também um resultado circunstancial. O formalismo não é preocupação sua, deixando-se liberta para compor e relacionar as obras de formas diferentes e recontextualizá-las.

Zaneta insere-se na linha de influência de Mark Rothko pela forma como concebe a obra plástica, na qual a ação – o fazer em si – e o material são o essencial na obra de arte. O tema, a racionalização, a forma e a composição perdem relevância para a cor, a improvisação e o acaso, permitindo grande liberdade expressiva. De acordo com a sua perceção e o seu sentir, cada obra de Zaneta assume o caráter identitário do seu produtor.

Zaneta consegue um signo visual próprio que a coloca num patamar de destaque no panorama da arte contemporânea Lituano e que pela terceira vez chega a Portugal. Ainda abriu algumas frestas do que serão os seus projetos futuros. Esperamos daqui a uns anos poder vê-los no Porto.

A galeria Espaço Q |Quadras Soltas apresentou a exposição “Ícones”, com figuras como Freddie Mercury, Frida Khalo, Picasso, Dalai Lama, David Bowie, José Saramago, pinturas de técnica mista e colagem que se assemelham a cartazes, exaltando e prepetuando cada um desses ícones. José Silva, o autor da obra, não se ficou pela apresentação das pinturas na sua forma superficial e revelou o seu lado mais profundo com uma intervenção que ocorreu várias vezes ao longo da tarde: sem pré-aviso, a galeria, cheia de gente, fecha as portas e apaga as luzes. No escuro, começam a aparecer inscrições nas pinturas a fluorescente: cada frase é atribuída à personalidade que representa. As obras revelaram-se e o público reagiu com admiração e agrado.

Diversas caras conhecidas, como Rui Reininho, Pedro Abrunhosa (representado num dos quadros) e o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, marcaram também presença na galeria, tornando-se em figuras protagonistas do momento.A identidade do ícone poderá ser vista até dia 20 de fevereiro.

A Galeria Múrias Centeno também se apresentou, através de uma instalação sob o título “Rinoceronte – Ananás”, que incidiu sobre a problemática da exploração dos recursos naturais em Portugal. A exposição foi acompanhada de uma conversa onde se discutiram os riscos e impactos da exploração destes recursos, a sua gestão e a falta de jornalistas ambientalistas para cobrir e discutir estes problemas.

Entre outras galerias como a São Mamede, a Metamorfose, a Quadrado Azul, que apresenta Álvaro Lapa, e a nova galeria Cruzes Canhoto, as inaugurações simultâneas no quarteirão Miguel Bombarda cumpriram mais uma vez o seu objetivo como evento representativo do círculo artístico do Porto.

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