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Cultura

VIAJAR PARA O ESPAÇO COM PARTIDA DO PRIMAVERA

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Às 17:01 começaram a surgir os primeiros acordes. Assim se apresentavam os portugueses Sensible Soccers, que com a força da sua música foram chamando para junto de si aqueles que iam chegando ao recinto. Os tecidos colocados nas laterais do Palco Super Bock iam-se movendo com a brisa e as vibrações sonoras, abrindo, assim, o festival com uma mística que já lhes é característica. Ao som de “Villa Soledade” os corpos iam-se mexendo e o anfiteatro natural começava a ficar mais composto. Uma voz off anuncia a despedida e segue-se a última música, “Shampom”; a dança da plateia intensifica-se e quase grita um “até já”.

Seguiram-se as U.S. Girls, que estrearam o Palco NOS. Trouxeram consigo um girl power e provaram que duas pessoas conseguem encher 83 hectares de parque.

Wild Nothing foram os segundos a atuar no Palco Super Bock. Mais pessoas começam a chegar e deixam-se contagiar pelas suas músicas e boa disposição. Aqueceram os corações de quem os ouvia; música após musica, riso após riso, palavra após palavra. “Shadow” foi a balada da despedida e a ela juntou-se uma recomendação do vocalista, Jack Tatum, “ Os Deerhunter vão tocar a seguir. Eles são uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos”. A recomendação de Tatum foi levada à risca e dali todos se dirigiram para o palco do lado, à espera da banda  que deixou as expectativas do 1º dia ainda mais altas. O sol ainda não se tinha posto, mas as cores do céu pareciam jogar a favor dos Deerhunter, tornando o seu concerto digno de ser recordado por cada detalhe.

Foi com Julia Holter que o sol se começou a deitar, às 21:10. A voz doce da cantora americana foi aquecendo a noite que se prolongaria com os nomes mais esperados: Sigur Rós e Animal Collective. O relvado principal já se encontrava cheio antes das 22:20 e assobios e gritos já começavam a chamar a banda “Sigur Rós! Sigur Rós!”. O concerto começa e os três elementos da banda encontram-se atrás de umas grades, que sobem lentamente com a ajuda de “Sæglópur”. Os grafismos projetados no palco encontravam-se em consonância com os tons escuros do céu e o brilho da meia lua, transportando o público, juntamente com a música, para um lugar bem longe daquele em que estava. Um lugar desconhecido, libertador onde a lei da gravidade não existe e se torna mais fácil ascender às estrelas. As cabeças balançam de um lado para o outro e música após música o público vai-se deixando contagiar pela força da voz de Jón Þór Birgisson, pelo brilho dos neons que acompanham o ritmo da música e o tempo quase pára para eternizar aquele momento. Os fãs não querem que o concerto tenha um fim e, como resposta, a banda volta para um encore. Despedem-se com “Popplagið” e deixam o Parque da Cidade em êxtase, sem saber como reagir à força inexplicável que o concerto teve.

Seguiram-se os Parquet Courts, a banda que trouxe um espírito de juventude diretamente de Brooklyn. Como que a preparar o público para a animação de Animal Collective, prometem desde logo ser divertidos e põe as pessoas aos saltos.

Um dos momentos mais esperados da noite, a par do concerto dos Sigur Rós, estava quase a chegar: os Animal Collective pisavam o Palco NOS à 1:10. Nem a chuva nem o cansaço conseguiram impedir que o Parque se mantivesse cheio e o entusiasmo antecipava as danças que se seguiram. Com três grandes esculturas a remeter para máscaras africanas e traços de um desenho que parecia ter a mão de Picasso, os “ verdadeiros animais de palco”, como algumas pessoas ousaram chamar-lhes, entraram calmos num palco que momentos a seguir transpirava energia. A chuva não se sentia; todos dançavam como se não houvesse amanhã e, mais uma vez, fomos transportados para um espaço além da Via Látea tendo como banda sonora êxitos como “FloriDada” e “Lying On The Grass” que remetem para os tempos do Dadaísmo e Marcel Duchamp, onde brincar com a fonética era um desafio. E que bem superaram esse desafio, os Animal Collective!

A noite continuou até ao amanhecer com DJ Fra, Red Axes e, por último John Talbot & Friends.

A contagem decrescente para a abertura do segundo dia já começou e esperam-se concertos inesquecíveis da parte Brian Wilson, Beach House, PJ Harvey, Savages e White Haus.