Cultura
ONCE UPON A TIME IN AMERICA, DE SERGIO LEONE
Mas esta não seria a única trilogia concebida. Em 1968, Leone lançava a primeira pedra da trilogia C’era una volta…, com “Once Upon a Time In the West”. Mais um western-spaghetti, desta vez sem Eastwood, mas com Fonda e Bronson. Foi o último western que realizou.
Seguiu-se “Once Upon a Time… The Revolution/ Duck, You Sucker”, utilizando a Revolução mexicana como pano de fundo.
Finalmente, em 1984, Leone concebeu uma epopeia de gangsters. Não utilizou os italo-americanos, tão severamente retratados nos clássicos filmes de Coppola (de 1972 e 1974). Centrou antes o foco da câmara na comunidade judaica. Assim surge “Once Upon A Time In America”. Durante 229 minutos presencia-se o trajeto de um grupo de pequenos criminosos até ao estatuto de mafiosos.
A magia do cinema acontece em cada mind blowing analepse a que o espetador assiste. É um desafio ligar os fios da narrativa e descortinar as falhas que aparentam possuir. Leone utiliza os primeiros planos insistente e magistralmente, mostrando o aperfeiçoamento adquirido durante anos. Morricone não deixa a tensão escapar através do som da flauta de Pan que acompanha “Cockeye”.
Robert De Niro e James Woods são os atores perfeitos para interpretar “Noodles” e “Max”, num filme onde a amizade é o tema central, tão intensa quanto quase inexistente nos nossos dias.
Talvez pela proximidade ao ambiente “The Godfather”, este filme, que foi o último de Leone, não foi o sucesso de bilheteira que se perspetivava para o investimento (custou cerca de 30 milhões de dólares) nem teve o reconhecimento devido. Foi necessário deixar o tempo recuperá-lo e colocá-lo no seu devido lugar de destaque. Como quase sempre acontece com as grandes obras.