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Cultura

TERCEIRO DIA DO SUPER BOCK SUPER ROCK AO COMANDO DE KENDRICK LAMAR

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O terceiro dia do festival foi dedicado ao mundo e expressões do hip hop. Desde cedo, no palco Antena 3, entoou no recinto aquele que seria o estilo em máxima representação. Slow J deparou-se com um público energético e que lá estava de propósito para ouvi-lo e não apenas de passagem. O próprio músico admitiu, na altura, estar com receio que o horário não ajudasse para a pequena multidão que afinal se criou à sua volta. A João Batista Coelho, conhecido por Slow J, juntou-se mais uns nomes do hip hop português, Mike El Nite, no mesmo palco e Capicua, no palco EDP.

O Parque das Nações foi a última paragem da tour de Kelela. E que bela paragem, diz o público. A artista americana mostrou estar muito agradecida pelo seu entusiasmo. Kelela trouxe ao palco EDP a doçura da sua voz aliada à sua sensualidade, para um concerto que teve muito de amor, agradecimentos e de dança, é certo.

Foi igualmente neste dia que o palco Antena 3 experienciou um dos momentos mais bonitos e memoráveis do festival. “The Purple Experience”, a homenagem a Prince, liderada pelo português Moullinex em conjunto com outros convidados especiais. Da Chick, Samuel Úria, Best Youth, Selma Uamusse, Ghettoven e Marta Ren assumiram e atuaram algumas dos temas mais prestigiados de Prince. Naquele palco, parecia que se reuniram primos, tios e irmãos em memória de alguém que lhes era tão importante. Prince não se tratava de nenhum familiar nem amigo próximo, mas representava uma inspiração para aquilo que todos os artistas em palco se tinham tornado. E, por isso, este tributo em palco foi descrito como uma das experiências mais peculiares e surpreendentes do festival.

Ao palco Super Bock começavam a chegar cada vez mais pessoas para o que seria o grande momento da noite e daquele dia. Mas antes de Kendrick Lamar, passaram pelo Meo Arena os portugueses Orelha Negra e os De La Soul. A banda portuguesa intercalou alguns temas novos com alguns mais antigos e mais conhecidos. A arena não se revelou assim tão grande para os leões portugueses. Estes souberam conquistar o público que esperava ansiosamente pela atuação de Kendrick Lamar. Já o concerto dos De La Soul ficou marcado por uma polémica com os fotógrafos. O grupo americano recusou-se a continuar a segunda música enquanto os fotógrafos não baixassem as máquinas e aproveitassem o concerto da mesma forma que o público. Para além disto, os De La Soul trouxeram o hip hop puro e duro numa atuação repleta de energia, mesmo com um público na sua maioria jovem e que talvez não conhecesse alguns dos temas ou a história do trio.

Feitas as contas, era altura de Kendrick Lamar subir ao palco. “Look both ways before you cross my mind”, frase de George Clinton, foi a mensagem que o artista americano lançou no início do seu concerto e que o acompanhou até ao último minuto em palco. No Meo Arena ouviu-se “Bitch, Don’t Kill My Vibe”, “m.A.A.d city”, “The art of peer pressure”, “Swimming pools”, entre outras. Kendrick Lamar foi talvez o artista que deixou ao Super Bock Super Rock, nesta edição, a memória de um dos momentos em que o amor – sim, o amor – entre o público e quem está em palco fala mais alto. Ao ponto do próprio artista se calar e ouvir com atenção, sem se conseguir pronunciar, os gritos, os cantares e as palmas do público. E quanto mais Kendrick olhava diretamente para o público, mais vida o MEO Arena ganhava. Tornou-se tudo proporcional: a força do artista e rapper americano em palco com a disposição do público. Em nenhum momento deixou de se ouvir as vozes de quem estava no MEO Arena. O calor começava a apertar, mas nem isso abalou a audiência, que tirava as camisolas, camisas, casacos. Num ápice, Kendrick deixa o palco e volta para um encore composto apenas por uma música, “Alright”. Foi uma escolha acertada para fechar a noite, mas não um fecho esperado. A energia, nos dois lados, atingiu um nível jamais calculado para um espaço tão diminuto como pareceu o MEO Arena. Kendrick Lamar é grande e foi grande naquela noite, tão grande que assumia qualquer palco maior que aquela arena. Talvez por isso o público não esperasse um final tão rápido, pouco mais de uma hora depois. Mas a noite foi sua.

Pelo palco Antena 3, passaram ainda os portugueses Salto. O palco EDP recebeu em primeira mão os espanhóis The Parrots, Fidlar e ainda os GNR com Psicopátria.

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