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Cultura

LCD SOUNDSYSTEM ARREPIAM PAREDES DE COURA

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O segundo dia do Vodafone Paredes de Coura lembrou ao público o porquê de ser, provavelmente, o mais refrescante e inovador dos festivais. No dia 18, quem refrescou as margens do Taboão e preparou os campistas para uma noite recheada de grandes nomes do rock foram Samuel Úria e Gisela João, que recitaram no palco Jazz, durante a tarde, poemas de Tom Waits ou Nick Cave. Já a inovação chegou pela guitarra de Ryley Walker, de Illinois, que teve a honra de ser o primeiro a dar música nas sessões secretas do festival, que acontecem todos os dias na vila. Perante cerca de 50 campistas escolhidos aleatoriamente, Walker tocou nas escadas da Igreja do Espírito Santo num momento que, diz quem lá esteve, foi mágico. O próprio Ryley concorda: “Foi a melhor coisa que me aconteceu”, disse em entrevista à organização do festival.

O segundo dia do Paredes de Coura foi o primeiro com bandas no palco Vodafone FM. O palco secundário abriu com o concerto de Joana Serrat, seguido do dos bracarenses Bed Legs, mas foram os americanos Algiers que escreveram o nome do palco secundário nas memórias desta 24ª edição do festival. A banda de Atlanta, que passou também este ano no NOS Primavera Sound, trouxe ao Paredes de Coura uma energia punk-eletrónica aliada à força das letras anti-racismo cantadas com o soul característico da voz de Franklin Fisher. Depois de um primeiro dia relativamente calmo, percebemos que a energia típica do Paredes de Coura se começa a sentir finalmente veio para ficar.

E que o diga a enchente de festivaleiros que se foi aproximando do palco principal ao final da tarde para ouvir os ritmados Sleaford Mods, que brincaram com o Brexit ao chamar ao palco a sua amiga “Little England” (que não compareceu, porque “se acha melhor” que todos nós).
A seguir aos Sleaford Mods prepara-se o palco e a equipa de segurança para o furacão Thee Oh Sees. Depois da passagem animada pelo festival em 2014, os americanos de São Francisco tornam a levar o público à histeria. Ao segundo dia vemos finalmente o pó do recinto do Paredes de Coura a levantar e dezenas de fãs a levantarem voo em mosh-pits e crowdsurfing. A banda de membros voláteis apresentou-se com o membro fundador John Dwyer, vocalista e guitarrista, Tim Hellman no baixo e com os dois bateristas Ryan Moutinho e Dan Rincon.

Apesar de os Thee Oh Sees voltarem para fazer das suas e delirar o público, nada nos preparava realmente para vermos história ser feita. É verdade: os LCD Soundsystem estão de volta. Na verdade, nem parece que estiveram parados 5 anos. A grandiosidade do palco que montaram adivinhava um concerto poderoso e não foi nada menos que isso. Às 00h20 não eram só os LCD Soundsystem em placo: eram milhares de fãs que entoavam em uníssono cada música com James Murphy. Abriram com Us vs them, logo antes de incendiarem o anfiteatro natural com Daft Punk is playing at my house. Durante duas horas percebemos o que fazem as quase 60 pessoas que os LCD Soundsystem trazem consigo na equipa para cada concerto. É uma receita infalível de profissionalismo músical e técnico. Para terminar, claro, All my friends, que hoje nos faz recordar as palavras do organizador João Carvalho, que disse em entrevista que este foi, possivelmente, o melhor concerto das 24 edições do festival. Não sabemos se foi mesmo o melhor, mas temos a certeza de que os LCD Soundsystem, a contratação mais cara de sempre do Paredes de Coura, fez valer cada cêntimo. E cada minuto.

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