Cultura

O INDIE ESTÁ CHEIO DE PRIMEIRAS VEZES

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Chegou a 4ª edição do festival que começou numa esplanada. Era o ano de 2012 e o Indie Bar abriu portas para algumas bandas e DJ’s. Em 2013 mudaram-se para um bosque um pouco mais à frente do bar onde tudo começou. Quatro anos a seguir essas bandas triplicaram e agora o festival tem 4 palcos, um parque de campismo, uma piscina, concertos secretos, um mercado indie e até showcases de culinária.

O primeiro concerto estava reservado para os Fora de Cena, a banda de Vila do Conde que mereceu lugar no alinhamento após ter vencido o concurso Acorda Banda. Mas o Bosque Mágico às vezes tem problemas técnicos e após 3 tentativas, o concerto teve de ser adiado. O publico aplaudiu, compreensivo, e deslocou-se por entre passagens quase secretas para o palco Antena3, onde o pop rock alternativo dos Fora de Cena deu lugar ao rock sujo de garagem dos 800 Gondomar. Ano após ano começa-se a perceber que headbanging, crowdsurf e moches, são as 3 palavras que não escapam ao dicionário de um indie. Escusado será dizer que também não escaparam a este concerto.

Depois do pôr do sol, os The Walks puseram toda a gente a abanar a anca com um rock n roll que atraiu os mais curiosos e os prendeu até ao fim, mesmo sendo hora do jantar. E o concerto provou-se ser melhor que latas de atum. Energia, felicidade e querer fazer as coisas bem feitas foram a receita para aquecer toda a gente para a noite que se seguia.

A primeira noite

A partir daí o rock pesado imperou. E se alguém se queixou o melhor era rumar a sul porque o norte parecia estar ali em peso e a gostar.

Os Pinturas Negras subiram ao palco para mostraram o verdadeiro espirito do indie: “o primeiro concerto de sempre” da banda e a apresentação do primeiro album. O “projeto que começou como uma brincadeira e acabou neste palco” reforça a tentativa do festival de trazer bandas frescas, que não esgotaram o seu repertório noutros festivais durante o verão. Foi com metal e cabelos compridos que a banda deixou os festivaleiros a fazerem a festa. Não se sabe se por causa da hora ou por não pararem quietos, mas o público parecia agora mais e parecia não querer arredar pé, a não ser para saltar.

Wild Apes têm um vocalista com voz de banda indie e um baixista com máscara de gorila (sim, selvagem) e encheram o palco Cisma. The Whales e GoBabyGo encerraram o primeiro dia e não deixaram ninguém com vontade de dormir para o próximo.

O segundo dia

Dez da manhã do dia 2 e dentro da tenda já se ouve o soundcheck de Riding Pânico. Foram eles que em entrevista ao JUP, compararam o festival a “uma festa de quintal em Angola”, onde um dos membros esteve há pouco tempo. “Uma festa bonita, num espaço lindíssimo onde se junta toda a gente”.

Para a banda, “a cena musical portuguesa está saudável, a disparar para todos os lados”. No entanto, admitem que “os apoios começam a aparecer, mas a nível de financiamento está difícil”, ainda mais quando comparamos Portugal com outros países. “Na Suécia paga-se para ser músico, ele tem de trabalhar no campo para andar aqui nesta  banda”, brinca Miguel Abelaira que pertence também aos Quelle Dead Gazelle.

Com quase todos os membros a pertencer a outras bandas diferentes, ainda não há novo album em vista. No entanto salientam que “os projetos não têm nada a ver musicalmente”, reforçam, “são só pessoas que andavam nos mesmos meios e se conheceram”.

O velho pensamento do “o que vem de lá de fora é que é bom” causa opiniões divididas na banda. Há quem ache que ainda se pensa assim, e há quem ache que não, mas todos concordam que para um festival como este resultar, “é porque algo começa a mudar”.

A tarde começou com um concerto num local secreto que deixou de o ser devido a mais um incêndio que começou perto do local. Assim, acabamos por nos encontrar (ou ser encontrados?) com os “We Find You” perto de uma rotunda, um pouco mais à frente do recinto. Nem o barulho do trânsito abafou a vontade que o duo de Braga tinha de se fazer ouvir, completamente em acústico, sem amplificadores ou microfones.

Depois de uma hora em que vimos que o mundo lá fora ainda corria, era tempo para partir para o bosque mágico, ouvir Chibazqui e ganhar energia para o resto do dia. Depois dos ritmos acelerados da banda do ex-Feromona era tempo para o rock carismático e d’O Bom, o Mau e o Azevedo.

A segunda noite

Mas os concertos mais esperados ainda estavam para chegar. Galgo levou o público numa espiral que tanto era dança como slow, saltos como abraços e uns seguranças inquietos com grades que queriam ceder e tornar o publico e a banda uma só. Mas o palco principal começava já a ter uma primeira fila que ouve Granada como música de fundo, mas recusa-se a perder o lugar para ver PAUS. É este o público que Hélio Morais considera “um dos melhores de Portugal” e estão todos lá, a encher pela primeira vez nesta edição o palco principal. A partir daqui foram gritos e moches e crowdsurfs  ao som do album novo, Mitra. O público pareceu satisfeito, a banda parecia incansável (ainda que dois dos membros já tivessem tocado com os Riding Pânico, algumas horas antes).

O penúltimo dia terminou para os indies mais resistentes no palco Cubo Records Showcase com Uno e Pixel 82.

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