40 ANOS DE ABRIL: CANÇÕES COM HISTÓRIA

Não com lotação máxima, mas perto disso, o concerto contou com uma plateia maioritariamente constituída por aqueles que viveram a revolução.

O espetáculo, organizado por Canto D’Aqui, contou com a participação desse mesmo grupo, ao lado do grupo Vozes ao Alto, Manuel Freire, a orquestra Sopros do Zeca, conduzida por Filipe Cunha, a cantora galega Uxia e os Grupos Vocais: Coro de Pais do Conservatório Gulbenkian, Grupo Vocal Canto Décimo e Coro Vox Populi.

Iniciado com um texto de Henrique Barreto Nunes, o espetáculo ditava: “Este Canto já não é só Daqui, é de toda a gente, está em toda a parte (…) A história também se faz com canções, que hoje, em uníssono com as suas/nossas vozes, continuamos a viver e a sentir, pois queremos que nunca mais Portugal deixe de ser livre.”

As atuações nunca deixaram de seguir uma leveza e espontaneidade que servia de fio condutor ao espetáculo – e, no entanto, este foi tão completo quanto poderia ter sido, contando com a declamação de poemas de intervenção, momentos de grande densidade musical e momentos de completo abandono a uma só voz. Tal aconteceu na atuação de Manuel Freire, que disse, arrancando gargalhadas ao público: “Quem tem o programa não se admire, que eu não vou tocar as músicas que estão aí. Isto tem uma moral: não se deve acreditar em tudo o que está escrito”.

Na reta final do espetáculo, os vários grupos juntaram-se para cantar “Tu Gitana”, “Formiga no Carreiro” e “Venham mais cinco”. Na última música do espetáculo, “Grândola Vila Morena”, a plateia levantou-se e cravos voaram do palco para as mãos. Punhos erguidos e vozes sonantes acompanharam os músicos e o palco estendeu-se a todo o auditório. Acabada a música, da plateia ouviu-se uns apaixonados “25 de abril sempre, fascismo nunca mais!”, que relembraram a todos o que ninguém esqueceu.