Cultura

NEFUP: TRADIÇÃO E REVOLUÇÃO DE MÃOS DADAS

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O NEFUP, fundado por um grupo de estudantes da Universidade do Porto, conta com mais de 30 anos de existência e tem vindo a dedicar-se à pesquisa e divulgação da cultura popular portuguesa, manifestando-a em danças e cantares. Tem a sua casa no centro do Porto e conta com um longo historial de atuações, tendo até já feito várias no estrangeiro.

Neste espetáculo, que integrou cerca de 40 pessoas, o grupo apresentou quatro danças e vários cantares, criando uma atuação que exaltou o poder da voz e relembrou que é com ela que se fazem revoluções. “Brado da Terra” percorreu quinze canções de José Afonso e intercalou momentos de sobriedade e rostos severos, marcados pela tristeza e dor, com momentos de alegria, reavivando não só a memória da revolução, mas também da época das emigrações, da guerra, do amor em tempo de opressão e das inevitáveis separações (“Ó meu bem se tu te fores/ Como dizem que te vais/ Deixa-me o teu nome escrito/ Numa pedrinha do cais”).

O espetáculo de cenário simples, mas rico, não deixou de abordar a representação teatral, sempre presente nas atuações do grupo, e ficou marcado pelas vozes, as violas, os adufes, os bombos e até um violino, tocado por uma aluna de 18 anos da Universidade do Porto, que integra o grupo. A grande concentração de pessoas em palco, quase sempre ombro tocando ombro, relembrou e celebrou a união do povo.

No final de “Brado da Terra”, a convite dos artistas do espetáculo, o público subiu com grande vontade ao palco e juntou-se aos dançares tradicionais, fazendo-se a festa do 25 de abril.

O título do espetáculo surge em alusão a “Só ouve o brado da terra/Quem dentro dela/Veio a nascer” de José Afonso e revela fielmente o espírito do grupo, que pretende, em todos os seus espetáculos, representar a voz do povo que, afinal, “dentro dela [da terra] veio a nascer”.

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