Cultura

TALENTO E ALMA GRAFFITADOS NO AXA – PARTE I

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Dia 30 de Abril, cinco pisos do Edifício AXA vão ser preenchidos com as intervenções de 22 artistas com reconhecimento internacional, para deleite do público. O JUP falou com 17 deles.

Bug começou a dar os “primeiros passos” no graffiti em 1989 e marca todas as intervenções com o seu cunho pessoal, um “hi techno futurista hyper space comix”. A sua intervenção no AXA vai mostrar uma “cidade com a fluidez de letras”, resultado de uma mistura de uma cidade com o tipo de letra desta arte, num ambiente que “transporta” o público para um novo local.

Na mesma sala encontra-se Doc, um artista “espontâneo” que não se limita a técnicas. Essa espontaneidade é transmitida pelas várias intervenções espalhadas ao longo do edifício, numa representação do que é “o street art, o graffiti de rua”. Contudo, Doc também vai ter uma sala onde irá adaptar o string art à sua “linguagem”. Artista há mais de 10 anos, afirma que o Porto é uma influência, principalmente pelo gosto em “criar personagens” adequadas à arquitectura da cidade, “quase como personagens que habitam no Porto”. Contente com esta “abertura” à arte urbana, Doc realça que “não é suficiente” porque “o street art tem uma lógica, é na rua”.

Ao seu lado encontra-se Bifes, com estilo “simpático” desenha o “imaginário pessoal”, mas com símbolos que provocam uma rápida identificação e que transmitem uma mensagem positiva. Influenciado pelo que via na televisão e nas paredes do Porto, concorda que a cidade “influenciou drasticamente” a sua personalidade “e, como tal, teve de influenciar” o que pinta.

Virus chega ao Edifício AXA com um propósito, o mesmo que o faz mover pelas ruas do Porto: “infiltrar pela cidade”. “Vamos ver se o Estado consegue tratar deste”, brinca o graffiter. Assim, este artista urbano vai trazer o seu nome para as paredes do AXA, num estilo que tem a marca portuense porque “cada cidade tem o seu”, embora Virus saiba evoluir a partir disso.

Mesk  trouxe a temática do graffiti para as paredes do AXA, com uma representação da parte legal e ilegal desta arte, uma vez que “toda a gente começou pelo ilegal e sem um, não há o outro”. Esta intervenção é, então, um alerta porque “ninguém começou a pintar em galerias”. Mas a mensagem principal do artista, que utiliza “cores fortes e vivas e formas arredondadas”, é “relembrar as pessoas que continuamos jovens, nem que seja de espírito”, procurando “agradar tanto aos mais pequenos como aos adultos”.

“Como 99,9%” dos artistas urbanos, Third começou na rua à “base do graffiti ilegal”, mas agora o seu trabalho já não se resume a isso, permitindo-lhe fazer do graffiti a sua vida. O artista portuense vai trazer um trabalho ilustrativo da queda de um robot, que pretende ser uma chamada de atenção para a falta de consideração pelas “pessoas mais velhas” sentida na cultura ocidental, pois, para Third “experiência é sabedoria”.

Frederico “Draw” teve como como ideia “mostrar a questão da procura do desenho à grande escala, da figura humana”, ou seja, a sua intervenção é a continuação de um trabalho que dá enfoque à figura humana, sempre “detalhada no olhar”. Mas só em 2011 é que este street artista se dedicou a este novo projecto que também é caracterizado pela semelhança com “o esboço de papel”, que não tem uma aparência “clean”. Para Draw, o “diálogo entre o observador e a obra” é o que lhe interessa e a sua aposta neste evento.

O Street Art AXA representa um abrir de portas para a arte urbana, numa tentativa de a ver valorizada. “Ainda é vista como sendo um acto de vandalismo e não dão tanto valor ao nosso trabalho”, afirma Bug. Apesar disso, Virus considera que esta arte “começa a ser mais ouvida”. Mesk conclui “[as pessoas] não têm noção do quão bom é o graffiti cá”.

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