Cultura

DAMIEN JURADO – BROTHERS AND SISTERS OF THE ETERNAL SON

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Chegado no início deste ano, o 11º trabalho de Damien Jurado é o culminar de uma saga de 3 álbuns em parceria com Richard Swift, produtor e teclista ocasional dos The Shins. Jurado e Swift desafiam definições e géneros musicais e apresentam-nos um conjunto de sonoridades de um indie-rock que soa muito a folk onde, ainda que mantendo o estilo dos seus trabalhos anteriores, as harmonias musicais parecem mais quentes e exuberantes do que nunca.

Jurado impõe-se num álbum coeso, povoado de personagens que poderiam ser qualquer um de nós, no quotidiano das nossas vidas simultaneamente distanciadas e intrincadas em si mesmas e nos outros. Sonoridades quase tribais de uma certa redenção à nossa condição de eternos peregrinos (por vezes sem chegarmos a a lado algum), pautados por vocais transcendentes que transmitem alento e um instrumental sereno e conciso ao longo de todas as 10 canções. A quebrar a nostalgia dominante, emergem por vezes sons mais sintetizados (totalmente uma herança de Swift), despertando-nos de um sonho onde a lente parece estar permanentemente desfocada ou na penumbra, e nos levam a prestar maior atenção a uma multidão de figuras das quais não conseguimos ver o rosto, mas sabemos os nomes – “Silver Donna,” “Silver Malcolm,” “Silver Katherine” (os nomes de algumas das faixas).

“Silver Timothy” será provavelmente a música mais forte deste Brothers and Sisters; Jurado parece flutuar entre um misto de percussões latinas e guitarras harmoniosas, uma faixa que funciona como um oásis ou um dia esplêndido de sol no meio de um deserto meio enevoado e fosco. Uma canção misteriosa que condensa uma série de presenças mitológicas de um mundo que Damien parece ter criado para si mesmo: “I was met on the road by a face I once knew/ Shapeless was his frame and his colors were few.”

Quer a nível temático como musical, este álbum dá continuidade ao anterior, Maraqopa. No trailer que o introduz, o músico descreve o trabalho como a história de um homem que desaparece numa procura por ele mesmo e que jamais regressa a casa. Será provavelmente o mesmo personagem que, em Maraqopa, tomara a decisão de desaparecer; a ligação entre os dois álbuns torna-se evidente na terceira faixa, “Return to Maraqoca”, onde Jurado traz de volta o cenário utópico de uma cidade fictícia, uma terra dos sonhos primorosamente povoada por um elenco que vagueia pela paisagem tangível de som.

Um trabalho complexo e simples ao mesmo tempo, estilo banda sonora mental para uma qualquer viagem pela estrada fora, rumo ao horizonte.

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