Cultura

A BORDO COM OS THE GYPSIES

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Ao som de Arctic Monkeys e Arcade Fire, a sala começa a ganhar forma. Ainda tímido, o público deixa-se ficar mais atrás. Daniel Faustino, baixista, sobe ao palco com um chapéu de marinheiro. Minutos depois, estávamos todos a bordo e já mais próximos da banda.

Ainda corria a primeira música e já o convite para subir ao palco tinha sido feito. Luís Santos, vocalista, explica que a setlist vai ser alterada: as músicas mais calmas vêm primeiro, mas depois é para “partir tudo”. Dreaming foi para os apaixonados, mas foi também para os amigos. Foi um concerto para recordar momentos e, sem dúvida, para celebrar a amizade.

Não faltou o reggae de Floatin’ Leaves que conseguiu arrancar mais do que uns passitos de dança. O público cria coreografias no momento e leva consigo até os mais quietos. Atrás dos vidros que cobriam a sala, haviam cabeças que espreitavam a toda a hora, curiosos com o que ali se passava. Era o som dos The Gypsies que se fazia ouvir por todo o edifício e não só.

As pessoas, finalmente, cederam ao som festivo e viciante da banda. Mas também Daniel, Luís, Matheus e Nuno se renderam à energia do  público. Se no palco haviam saltos e palmas, do outro lado havia uma resposta imediata. Se a sala se enchia de dança, então os quatro amigos também se juntavam, cada um ao seu jeito.

Open Up Your Heart é um dos muitos exemplos, desta noite, de como a banda cresceu. Ninguém se esquece do concerto memorável do Indie Music Fest de 2015. Deste então, os The Gypsies não melhoraram, porque sempre foram bons, mas aperfeiçoaram-se e o seu potencial é cada vez maior. Chegou o momento de “shit, god damn, get up your ass and dance”, a frase que se repete vezes sem conta da música Groove. Mais uma vez, também em 2015, no Bosque do Choupal, esta música gerou o caos no público, pois até a banda saltou para o meio dele. Ontem, foi a vez do público subir ao palco e lançar-se no crowdsurfing. Só faltavam as pranchas porque os surfistas da Surf Church já por lá andavam.

O fim começava a aproximar-se. Luís apresenta as 3 últimas músicas desta noite. A Sweet Silly Heart foi uma delas e é sempre com o mesmo entusiasmo que é recebida. Já está no ouvido de qualquer um que acompanhe os The Gypsies.

Com Oceans, o ambiente volta ao que estava no início: o corpo relaxa ao som de uma guitarra acústica e de uma voz que nos deixa confortável. Os isqueiros acendem-se enquanto um amigo abraça o outro e amiga sorri para outra. “Oceans and rivers are just like me and you” trazem algumas lágrimas à mistura.

Armastus Tree encerra o concerto no Edifício Transparente, quase um resumo perfeito desta noite. Algo que começou suave, sem ainda se conhecerem, mas que foi crescendo aos poucos, há medida que a confiança também aumentava.

Até que se atinge o clímax: a alegria total e o orgulho que enche os olhos de todos. Não esquecer, a explosão inesperada que a música tem que vem mostrar aquilo que Luís começou por dizer: “é para partir tudo”. Não havia muito para partir, mas se houvesse, nada ia restar.

 

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