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Cultura

MAIS UM TRIMESTRE NO TEATRO NACIONAL SÃO JOÃO

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Fotografia por TNSJ

O Salão Nobre do Teatro Nacional São João foi lugar da apresentação pública da programação abril-junho de 2017, no passado dia 30 de março.

A falar de espectáculo, esteve o diretor artístico do teatro e encenador, Nuno Carinhas que anunciou Muros, incorporado no Festival Dias da Dança, um espetáculo de dança da coreógrafa Né Barros que irá questionar conceitos de fronteira, lugar, além, o outro, num tempo em que se tem demonstrado menos compaixão pelo vizinho e pela pessoa ao nosso lado – 27-29 de abril.

Em estreia absoluta em territórios do Teatro Nacional São João e na ação de Nuno Carinhas, Macbeth, do tão bem conhecido dramaturgo inglês William Shakespeare, chega à grande sala a 1 de junho, prologando-se até 22 do mesmo mês. Com interpretação de atores conhecidos pela casa, realça-se o regresso de João Reis, outrora o Hamlet de Ricardo Pais e que desta vez vai protagonizar a grande e misteriosa obra do escritor britânico, oferecendo insónias e noites fantasmagóricas na peça que será a mais emblemática deste trimestre.

É de notar, no dia 3 de junho, no programa “Escritas, Reescritas e Traduções”, a conferência Macbeth, no TNSJ, com participação de Daniel Jonas, Maria Sequeira Mendes, Nuno Carinhas e Ricardo Araújo Pereira.

Ainda nos Dias da Dança, a Perna Esquerda de Tchaikovsky, pela Companhia Nacional de Bailado, dirigida por Tiago Rodrigues, narra o adeus oficial aos palcos da bailarina Barbora Hruskova como uma despedida melancólica. A peça “é uma viagem à memória de um corpo jubiloso e martirizado” e está em cena a 5 e 6 de maio.

Outro espetáculo dos Dias da Dança é nicht schlafen (não dormir), com direção de Alain Platel, uma apresentação que confronta o público com o sofrimento humano, recorrendo a nove bailarinos que contracenam com esculturas de cavalos mortos e pintam “quadros vivos que evocam a pintura de Caravaggio ou Géricault, mas também a imagem de Cristo descendo da Cruz” (8 e 9 de maio (TNSJ).

Teatro Carlos Alberto, a sala das companhias e criadores da cidade

No Teatro Carlos Alberto (TeCA) há E-nxada, espetáculo de circo contemporâneo que confrontará a dualidade dos contextos urbano e rural, explorando imaginários. Com direção artística e direção plástica de Vasco Gomes e Julieta Guimarães, fica em cena entre 19 e 23 de abril.

Em O Nosso Desporto Preferido – Futuro Distante, Gonçalo Waddington, autor do texto original, parte em busca de um tempo futuro numa viagem utópica em que tenta desvendar o que serão, daqui a cem mil anos, os Homo Sapiens Sapiens Sapiens Sapiens Sapiens Sapiens. Em palco, de 18 a 28 de maio, espera-se pela morte e embebendo-se pelo tédio.

Inserido no FITEI, Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, Como se chamavam os filhos de Medeia, a partir de um texto de Eurípedes e interpretado por alunos da ESAP – 3 e 4 de junho;  Campo Minado, de Lola Arias, transforma-se o tempo e confronta-se a guerra – 8 e 9 de junho; em Inferno, a 1ª parte de Divina Comédia, de Dante, enfatiza-se o inferno e o medo, procurando a realidade – 15-18 de junho.

Mosteiro São Bento da Vitória, o palco dos programas complementares

No Limite da Dor, a 7 de junho, é uma peça entrelaçada em quatro partes que mostra experiências vividas pelos portugueses nas mãos da PIDE e Pasta e Basta – um mambo italiano, a encenação onde se cozinha e conta uma história ao mesmo tempo – 15-18 de junho.

No Mosteiro há ainda Endgame, de Samuel Beckett e com direção de Tania Bruguera, um espetáculo inserido no BoCA, Biennial of Contemporary Arts – 20 e 21 de abril; Lastro, a 18 de maio, mais um espetáculo da coreógrafa Né Barros, que parte de uma catástrofe impensável: o céu cair e Estrada Branca, um projeto que une as vozes e canções de Zeca Afonso e Vinicius de Moraes, com vista a celebrar a música portuguesa nos dias 26 e 27 de maio.

A par destes espetáculos anunciados, há Leituras no Mosteiro, às terças-feira, e os Projetos Educativos nas áeras da dança e do teatro.

Durante a apresentação falou-se ainda de contas, pela presidente do Conselho de Administração, Francisca Carneiro Fernandes. O balanço de 2016 foi positivo. Dando valores à sentença, deram-se 49 espetáculos, 14 digressões (4 espetáculos e 8 digressões internacionais), houve um crescimento de 22% em bilheteiras e a taxa de ocupação de sala passou de 77% para 82%. O grupo continua a apostar em tornar o teatro um espaço mais acessível a todos, incluindo esforços para públicos com necessidades especiais, cujo retorno se revelou positivo.

Em 2017, um ano que o TNSJ tem um orçamento superior a 800 mil euros, garante-se bons espetáculos e muita dedicação. Apesar de um ano difícil, contudo, de balanço positivo, o Teatro Nacional São João aposta na força e na arte, trazendo mais um trimestre versátil e diversificado.

A programação completa pode ser consultada aqui.

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