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Cultura

ICOCEP: PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL DE PINTURA CONTEMPORÂNEA EUROPEIA

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Desde os anos 60 tem-se assistido a uma contínua mutação da pintura contemporânea, desde o neo-expressionismo de Basquiat, os quadrados de Rothko até mais recentemente a pós pop art de David Hockney , o rótulo de contemporâneo continua , no entanto a arte que é produzida é muito diferente, permitindo assim manter o género fresco.

Em Portugal também é produzida arte contemporânea, e foi na tentativa de levar a troca de impressões entre artistas e o estudo das inspirações, processos e formas de comunicação destes que se promoveu o ICOCEP, o primeiro congresso internacional de pintura contemporânea europeia.

Dirigido por Francisco Laranjo, ex-diretor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e coordenado pelos professores assistentes do departamento de pintura, Domingos Loureiro e Sofia Torres, também eles pintores, o congresso, dividido pela aula magna e pelo Auditório Fernando Pernes da mesma, contou na sessao inaugural com sala cheia, e teve formalmente início com um discurso de Sebastião Feyo de Azevedo, reitor da Universidade do Porto, juntando-se discursos de Francisco Laranjo e Antonio Lopez Garcia, o pintor neo-realista espanhol, cuja presença há muito vinha sendo promovida.

Quatro grandes temáticas revolvendo pintura foram discutidas ao longo dos três dias: Pintura e pesquisa, ensino, sociedade e divulgação. Contando cada uma das vertentes com convidados nacionais e internacionais, tais como Isabel Sabino, professora na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Doménèc Corbella Llobet, professor na Facultat de Belles Artes Universitat de Barcelona, Sophie Benson, diretora do departamento de artes da Manchester Metropolitan University, entre outros. Cada um deles foi o respetivo Keynote da sua sessão, estando cada uma agrupada pela similaridade de temas, com a tradicional discussão no final.

Havendo uma forte presença de alunos da faculdade onde o congresso se realizava, a direção do ICOCEP poderá orgulhar pelo sucesso que teve em termos de participação e lotação, estando na grande maioria das sessões um público não só atento, como um que tornou comum que as perguntas após as apresentações se alongassem bem para lá do tempo das mesmas (cerca de 15 minutos cada).

Da multiplicidade de temas debatidos, revolveu-se em grande medida, entre outras, a ligação da pintura com a cor, do artista com o seu trabalho pictórico, os sentidos, o que significa ensinar pintura, representações do corpo quer masculino quer feminino, ou os desafios da representação. Entre os oradores, destaque para a forte presença vinda de Espanha e do Brasil, com vários de cada um dos países, fazendo com que não houvesse uma linguagem comum a ser usada, alternando entre o castelhano, que se fazia ouvir de diferentes regiões e com diferentes dialetos, inglês e português, do Brasil e de Portugal.

Aliado ao congresso existiram aberturas de exposições, repartidas entre a Galeria cozinha, com a Poster Session and Exibition de Jorge Abade, oMuseu, que contou com a exposição Boa Hora, realizada pelos alunos do Mestrado de Pintura da mesma faculdade e divulgação do  Livro Sobre Pintura, uma colectânea de artigos de investigação redigidos pelos mesmos, e a Galeria da Reitoria, esta última fora do espaço Belas Artes, com a exposição Éter.

No dia cinco de abril, terceiro e último do congresso, deu-se a sessão de encerramento, com um discurso final de Francisco Laranjo e de José Carlos de Paiva, actual director da Faculdade de Belas Artes. Desta vez perante um auditório menos lotado que na sessão inaugural, provavelmente aquela que mais público tenha agregado. Tratou-se sobretudo de uma reflexão sobre os três dias que chegavam agora ao fim e um conjunto de agradecimentos, quer aos presentes, quer a todos aqueles que tornaram o que agora se findava possível.

Transmitiu-se no final uma sensação de sucesso, e toda uma vontade que se repita no próximo ano. Talvez pouco jus à influência de todo este congresso se possa fazer de imediato, porventura ela esteja de forma imensurável em todas as peças de arte que serão produzidas quer pelos presentes quer pelos intervenientes num futuro próximo, quem sabe influenciadas pela troca de impressões e conhecimentos decorrida ao longo destes três dias.