Cultura
NOITES DA QUEIMA: DOIS CONCERTOS, DOIS PÚBLICOS
Os Ditch Days subiram ao palco ás 23:30, com um recinto a meio gás. Na primeira fila, quatro jovens seguravam um cartaz enorme. “Nós nunca tivemos um cartaz assim!” diz a banda em palco, plenamente consciente de que o cartaz era para James Morrison. A banda de Lisboa tocou o seu rock alternativo dançável, mas poucas pessoas se deixaram contagiar.
“Nós sabemos que as pessoas estão aqui para ver o James Morrison” disseram ao JUP os Ditch Days. E de facto, estavam. A determinada altura do concerto, grande parte do público já estava sentado. No entanto, a banda mostrou-se satisfeita pela oportunidade de “um dos maiores nomes” do cartaz das Noites da Queima.
“O estilo de música dele até tem a ver com o nosso e isso é fixe, porque sabemos que as pessoas que estão aqui à partida vão gostar. Não é tipo abrir para um DJ, ou para metal ou pimba”, esclareceram.
Quando questionados sobre que diferenças há na preparação de um concerto para um Queima das Fitas, explicaram, entre risos que viram “tutoriais no youtube. Tem lá How to play gigs for Queima in 4 steps. O primeiro passo é get drunk”. Depois, veio a resposta séria.
“Acrescentamos material novo. Estudamos melhor momentos do concerto, o que vamos fazer em que momento. Nós preparamos coisas específicas para aqui, para conseguir galvanizar toda a gente. Foi assim que surgiu a ideia de tocarmos aquele cover de Childish Gambino. E até pensamos um bocado mais no que íamos dizer ao longo do concerto, naquela de vou estar muito nervoso vão-me sair todas as palavras da boca, por isso é bom que eu tenha decorado alguma coisa ou isto é um desastre. Normalmente não fazemos isso. Parece que hoje só dissemos porcaria, mas normalmente é muito pior.”
Era agora a hora do concerto de James Morrison. Quando o artista subiu ao palco, estava já muito mais público no recinto. Ao longo do concerto, a moldura humana foi sempre aumentando. Não paravam de entrar pessoas no Queimódromo.
Durante o concerto, ouvia-se um borburinho intenso, culpa das pessoas do público que conversavam. Merece também realce o movimento residual ou nulo da moldura humana que ouvia as baladas de James. O burburinho parou apenas quando o britânico cantou os seus êxitos I won’t let you go, Broken strings e You give me something. Nestas músicas, viam-se muitos telemóveis no ar, a gravar o momento. O público cantava, chorava, abraçava-se.
No fim, muita gente esperava nas grades perto do palco uma oportunidade de ver James Morrison. Era o caso de Cláudia Abreu, que veio da Madeira com o único objetivo de ver este concerto. “Estou a ver se consigo tirar uma selfie com o James Morrison. Sou fã desde que começaram a sair os primeiros trabalhos dele”, explica
No entanto, na zona perto do palco nem toda a gente esperava James Morrison. “Estou só a descansar, mas se ele passasse e dissesse olá eu também dizia, é na boa”, diz João Martins, estudante da FCUP. “Os concertos são muito fixes e eu agradeço que existam na Queima, mas não é o ponto fulcral. Um gajo vem aqui para estar com os amigos”, acrescenta.
João estava acompanhado por Beatriz Pereira, estudante da FDUP. Beatriz considera que a Queima saía a ganhar se apostasse em maior diversidade de música. “Ponham cantinhos: o cantinho do rock, o cantinho do hip hop, o que for! A tenda de eletróncia quase nunca dá eletrónica, e quando dá é aquele house comercial. Podiam pôr techno, drum, convidar dj’s… eles não se importam de vir e não cobram muito. Há artistas nacionais de drum, techno, por aí fora. Só para ser diferente, porque músicas comerciais já se ouvem nas barracas.”, propõe.
A próxima é já a última noite da queima. O queimódromo recebe os portugueses Caelum e os britânicos Kaiser Chiefs.