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Cultura

PRIMEIRO DIA DO PORTO BLUES FEST: “SILÊNCIO, QUE SE VAI TOCAR O BLUES”

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A primeira edição do Porto Blues Fest arrancou esta sexta-feira, 26 de maio, na Concha Acústica dos Jardins do Palácio de Cristal. O público portuense ficou rendido à atuação do expreriente duo Julian Burdock e Danny Del Toro, numa noite recheada de blues e de boa disposição.

O primeiro concerto ficou a cargo dos portugueses Delta Blues Riders: “Estas são as primeiras notas e vocês são o primeiro público!”.

A banda tocou temas originais,  alguns dos quais com uma clara mistura de influências e sonoridades. “Isto é blues progressivo!”, diziam, antes de interpretar uma das músicas. Tocaram também outros temas, de “blues mais clássico” – tanto originais, como outras músicas bem conhecidas, como Sweet Home Chicago, de Robert Johnson.

Ao longo da atuação, o vocalista, Paulo Veloso, tentou ir interagindo com o público: “Gostam de blues de New Orleans?”, perguntava, a certa altura. Antes de tocar Credit Card Blues, brincava: “Esta é dedicada a todos os homens que deixam o cartão de crédito com as mulheres” – perante a reação do público, emendou: “Não, não estou a ser machista!”

A banda fazia questão de ir explicando ao público os temas por detrás de cada música. Algumas falavam de traições, outras sobre violência doméstica: “Éramos para ir à Eurovisão, com esta música…” – ironizou Paulo Veloso, por detrás do piano. “Mas em vez de Amar Pelos Dois, era “Bater Pelos Dois” – em inglês, Ta Ta You!”

Poucos minutos depois da primeira atuação, foi a vez do birtânico Julian Burdock e do espanhol Danny Del Toro subirem para a Concha Acústica e deixarem o público do Porto Blues Fest extasiado com a “explosão” de blues que se fez ouvir.

“Estou muito contente de estar em Portugal!”, afirmava Burdock, em bom português, logo no início do concerto. Mais tarde, agradecia com um “obrigado” – em português, também.

Burdock e Danny Del Toro podiam ser só dois, mas a sua elevadíssima qualidade técnica e interpretações arrojadas encheram o palco, num diálogo de solos e harmonias entre a guitarra e voz de Burdock e a harmónica de Del Toro.

Para além de temas originais do CD Double Dare, de 2014, o duo interpretou também alguns clássicos do Blues, como I Don’t Need No Doctor, de Ray Charles – numa versão com brilhantes solos de guitarra, que arrebataram o público. “Esta é uma Telecaster novinha em folha”, dizia Burdock, em inglês, a meio do tema – “Vamos lá ver se sabe tocar o Blues!”

Não só a guitarra “sabia tocar blues“, como encontrou a harmónica de Del Toro e a voz do próprio Burdock e prendeu a atenção do público, que não tirava os olhos do palco, completamente rendido à qualidade artística que ecoou nos Jardins do Palácio de Cristal.

O Porto assistiu a um concerto fantástico, de dois músicos muito experientes –  ambos têm uma longa carreira no Blues, e Burdock já esteve nomeado para vários prémios de blues, tendo vencido o “Blues & Soul Show Award for Innovation” em 2016 e a “New Brunswick Battle of the Blues” em 2011.

O público portuense que assistiu esta sexta-feira à inauguração deste primeiro “Porto Blues Fest”, na Concha Acústica do Palácio de Cristal estava longe dos números dos festivais de verão de música comercial, mas, segundo a organização, foram vendidos mais de mil bilhetes para as duas noites.

Os amantes de Blues chegaram cedo, e foram-se sentando na relva, junto à Concha Acústica.  Às 21h20 já havia quem estivesse a marcar lugar junto ao palco. Em declarações ao JUP, Simão Cordoeiro, de 27 anos, e Gonçalo Barbot, de 26, dos primeiros a chegar, elogiaram a iniciativa, e falaram das suas expectativas para este festival.

“É o meu estilo musical favorito, nunca vi um evento de blues no Porto”, disse Simão Cardoeiro, 27, que revelou que entre os dois dias do festival, tinha mais expectativas para “amanhã”  [hoje, sábado], mas que mesmo assim aproveitou para vir conhecer os artistas desta sexta-feira. “As expectativas são altíssimas, espero que defendam bem o blues“, disse.

Já Gonçalo Barbot, 26 anos, não escondia a sua curiosiade pela atuação da banda Delta Blues Riders: “quando descobri que eram portugueses, até fiquei contente. Espero ser surpreendido e que saibam fazer bom blues!”.

Hoje à noite o festival continua, às 22 horas, com a atuação mais aguardada desta edição, que juntará Rui Veloso e Shirley King, que em homenagem ao pai, B.B. King, tem a alcunha da “filha dos blues“.