Cultura
CRÍTICA: O SANGUE DOS OUTROS
Este é o segundo romance da autora d’O segundo Sexo, e tem marcadamente um conteúdo existencialista, não fosse Simone um símbolo desse movimento. O livro tem a frase de Dostoiévski como epígrafe: “Todos somos responsáveis por tudo perante todos”. Ao longo da narrativa e através das personagens a escritora levanta algumas questões sobre a influência que as nossas atitudes exercem sobre os outros, e mostra que é impossível controlar todas as consequências das nossas ações (tanto do facere como do non facere). Tudo se passa em Paris, na primeira metade do séc. XX. Jean Blomart, o protagonista, carrega o peso da sua existência: tenta seguir os seus princípios pessoais e políticos, enquanto é dominado pelo arrependimento, pelo remorso e pela culpa quanto à morte de Jaques e Hélène.
E nisto, o leitor entra na consciência das personagens, explora os seus conflitos internos, os seus dilemas existenciais, sendo levado obrigatoriamente à auto-reflexão: a parar e pensar.