Cultura

MARÉS VIVAS: O ÚLTIMO DIA NO CABEDELO

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O palco Santa Casa foi o primeiro a despedir-se da 15ª edição do Marés Vivas. Com um concerto dos Átoa às 18:30 e, hora e meia antes, dos Caelum, o entusiasmo do público cresceu, ansiosos pelo que o resto da noite ainda lhes proporcionaria. “Falar a Dois” e “Sei lá” foram alguns dos temas cantados pela banda. Mas nem só de canções já conhecidas se fez o concerto. O grupo anunciou que o seu novo álbum seria lançado a 29 de setembro e estreou a música “Já não”.

Já no palco RTP Comédia, e com o fim da sessão de Bruno Henriques pelas 21:05, os que estavam presentes, interessados em soltar umas gargalhadas, tiveram que esperar pouco por João Seabra. Quinze minutos volvidos, João Seabra apareceu e, para além de comentar as diferenças entre as gerações passadas e a atual, no âmbito da tecnologia, debruçou-se ainda sobre relações e sobre as diferenças entre homens e mulheres. Seabra questionou ainda um jovem casal, sentado na audiência, há quanto tempo namoravam e, quando lhe responderam “há cinco anos”, brincou: “Isso não é um namoro, é um vírus!”

O último a atuar no palco RTP Comédia foi Francisco Menezes. Ironizando os típicos comportamentos e modos de falar dos naturais de Gaia, o artista conseguiu divertir um público que se ria, talvez, até de si próprio. E para os que pensavam que só os palcos MEO ou Santa Casa lhes dariam música, Menezes encarregou-se de lhes provar o contrário. Numa viagem pelo tempo, onde recordava períodos da sua vida, o humorista percorreu inúmeros géneros musicais, procedendo a perfeitas imitações de artistas e músicas bem conhecidas do público.

Apesar do sucesso da stand-up comedy, que atraiu inúmeras pessoas ao palco RTP Comédia, os maiores nomes do dias iriam passar pelo palco MEO.

Ainda antes do primeiro concerto no maior dos palcos começar, o sol punha-se já do outro lado da margem. Os festivaleiros aproveitavam, com a chegada de uma brisa noturna, para descansar e jantar.

Enquanto isso, às 20:30, iniciava-se a atuação de Joe Sumner, filho de Sting, que viria a cantar mais tarde na mesma noite. O cantor apresentou um concerto modesto, sem banda nem luzes: só ele e a sua guitarra. Em português, o artista pediu desculpa por não saber falar a língua, com uma pronúncia trabalhada e que não deixou margem para dúvidas relativamente ao que estava a dizer.  O espetáculo foi calmo e breve.

As 21:30 ainda não tinham chegado mas já Miguel Araújo estava em palco. “Pica do 7” foi das primeiras canções a ser interpretadas e, aos primeiros acordes da mesma, já o público a tinha identificado, entusiasmado. Também durante “Recantiga”, nas zonas mais folgadas do recinto, vários foram os casais que começaram a dançar ao som da voz de Miguel Araújo e dos instrumentos da banda que o acompanhava.  O concerto foi composto por músicas do seu último álbum, “Giesta”, e de “Crónicas da Cidade Grande”. Contudo, o artista também recuperou o tema “Anda Comigo ver os Aviões”, de “Os Azeitonas”, deixando o público em delírio.

Com o anoitecer, alguns demonstravam os primeiros sinais de cansaço. O relvado sintético junto aos palcos RTP Comédia e Santa Casa acabou por se tornar o sítio predileto para recarregar energias antes dos concertos que ainda estavam por vir.

Após o concerto de Miguel Araújo, foi a vez de Sting, altamente aguardado, subir ao palco MEO. Tal como ele, Sting deu de caras com o público antes de chegar a hora para a qual estava agendado. O  recinto estava totalmente esgotado e a antecipação para ver o ex-integrante da banda britânica “The Police” era palpável. Numa sucessão ininterrupta de sucessos, dispensando pausas para recuperar o fôlego, o cantor revisitou sucessos como “Englishman in New York”, “If I Ever Lose My Faith in You” e “Spirits in the Material World”, gerando uma sensação de êxtase nos milhares que assistiam ao espetáculo, rendidos.

A Seu Jorge coube a honra de fechar o MEO Marés Vivas. Atualmente a percorrer o mundo com uma digressão em tributo a David Bowie, o espetáculo que ele trouxe a Gaia foi outro. O artista brasileiro levou, à margem Sul do rio Douro, um alinhamento composto por temas próprios, nomeadamente “Burguesinha” e “Amiga da Minha Mulher”.

Talvez mais do que em edições anteriores, o encerramento do festival, este ano, foi especial. Sabe-se agora que, no próximo ano, a praia do Cabedelo não voltará a acolher o festival. Com o novo local ainda por definir, a única certeza é de que este se vai continuar a realizar em Vila Nova de Gaia. Junto ao rio ou junto ao mar, o MEO Marés Vivas não perderá a sua essência. Aliás, ficará a ganhar, uma vez que os recintos dos locais que estão a ser estudados são maiores que o atual. Assim, será possível aumentar a lotação diária e, consequentemente, vender mais bilhetes por dia.

Ao longo de três dias, passaram pelo Marés Vivas dezenas de bandas, cantores, e comediantes que, na sua totalidade, atraíram miúdos e graúdos ao recinto do festival gaiense. Os passes gerais, tal como o bilhete diário para domingo, estavam já esgotados há um mês. Também desde o final do mês de junho que o bilhete diário para sábado estava esgotado. Ademais, com um cartaz atrativo, estavam criadas todas as condições para que o festival fosse um sucesso.

Como se previa, terminada esta edição do festival, o balanço é positivo. Bastille, Scorpions e Sting levaram milhares ao festival como se pôde comprovar pela dimensão da audiência que, euforicamennte, os assistia. E mesmo que, em 2018, a casa seja nova, o espírito manter-se-á o mesmo; os portugueses poderão usufruir, como já vêm sido habituados, de um fim-de-semana de puro riso, descontração e, claro, música e bons momentos.

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