Cultura

JÁ HÁ MÚSICA NAS MARGENS DO TABOÃO

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Começou hoje o festival Vodafone Paredes de Coura. A responsabilidade de abrir o palco principal, e o festival, coube à Escola do Rock um projeto formado por jovens músicos formados intensivamente durante 6 dias para, no fim do processo de formação, cumprirem o sonho de pisar o palco do festival que insiste em não parar de crescer. Este ano tem novamente lotação esgotada, e tudo aponta para que tal se torne hábito.
Escola do Rock trouxe uma lição de boa música a todos os presentes no recinto. Um concerto 100% baseado em covers que fez Paredes de Coura viajar pelos grandes hits do rock. De Arcade Fire a PJ Harvey, passando ainda por Queens of the Stone Age e Jonhy Cash, ninguém ficou indiferente ao concerto que abriu a 25ª edição do festival.

Mafalda Costa, membro do grupo, disse ao JUP ser “difícil de explicar” o que sentiu quando subiu ao palco. “Passamos de cantar para um público de 50 pessoas para um de centenas. É uma sensação estranha, porque já estive do outro lado, no lado do público, e agora estive no palco”, disse. Quando questionada se isto seria um passo em frente para uma futura carreira no mundo da música, Mafalda mostrou-se cautelosa, afirmando ter “de ser realista.” No entanto, não escondeu a ambição sobre um futuro regresso ao palco do festival Paredes de Coura, “porque uma coisa é cantar músicas dos outros, outra é músicas nossas”. Sobre o projeto, Mafalda diz só ter retirado aspetos positivos. “Sair da zona de conforto é sempre positivo”, acrescentou, destacando a oportunidade que teve de conviver com pessoas influentes do panorama musical português.

Pouco tempo depois, subiram ao palco os The Wedding Present. A banda reunida desde 2004, depois da separação em 1998, trouxe consigo as memórias do seu álbum de estreia George Best”, editado em 1987. A banda levou muito a sério a premissa de relembrar o seu primeiro álbum. Para além de terem tocado exclusivamente músicas do seu primeiro álbum, o concerto seguiu praticamente o seu alinhamento. Um concerto elétrico, em jeito de punk. Foi assim que os britânicos deixaram a sua marca, não permitindo que a sua presença no festival passasse despercebida no meio de tantos nomes grandes da música internacional.

A noite de música seguiu em português. “Bem-vindos à nossa apresentação de mutantes S21”, disse Aníbal Luxúria Canibal, vocalista dos Mão Morta, aquando da sua entrada em palco. Os Mão Morta e o rock puro e duro que os caracteriza levaram o recinto ao rubro. Talvez por serem portugueses, talvez devido à sua presença assídua neste festival, a verdade é que a banda de Braga foi muito acarinhada pelo público.
Durante o concerto, houve ainda tempo para Aníbal Luxúria Canibal propor aos presentes que se cantasse os parabéns ao Festival Vodafone Paredes de Coura, por forma a celebrar a sua 25ª edição. O público seguiu as indicações de Aníbal, num momento que mereceu das maiores ovações da noite.

Beak> começou o seu concerto às 23:20. A banda britânica levou toda a gente presente na sua viagem sónica hipnotizante, onde o baixo e os sintetizadores se faziam sentir acima de tudo o resto. Os ritmos de hip hop e a sua alma indie forçaram as margens do rio Taboão a dançar, mas ninguém levou a mal. O público embarcou de bom grado na viagem dos Beak>. Digno de realce é o momento em que o grupo musical tocou parcialmente as músicas Money dos Pink Floyd Sultains of Swing dos Dire Straits, levando o público ao rubro.
Geoff Barrow, membro dos Beak>, mostrou-se maravilhado com o festival. “Deixem-me tirar uma foto para a mostrar à minha mãe”, disse, durante o concerto. Geoff disse ainda que este era provavelmente o maior público para o qual alguma vez havia tocado.

Os Future Islands foram a penúltima banda a dar música aos festivaleiros. Os norte-americanos vieram à vila de Paredes de Coura mostrar o seu mais recente trabalho, The Far Field, para além de algumas músicas de álbuns anteriores. Durante praticamente toda a hora em que os Future Islands estiveram em palco, o vocalista Samuel T. Erring não parou. Ora saltava, ora andava de um lado para o outro, ora puxava pelo público, numa verdadeira lição do que é ser frontman.

Kate Tempest, a cabeça de cartaz deste primeiro dia de festival, entrou em palco eram já quase 2 da manhã. Mas o avançar da hora não fez com que o público arredasse pé, ou sequer perdesse energia. A rapper londrina anunciou imediatamente que o seu concerto seria baseado no seu mais recente álbum Let Them Eat Chaos.
Kate veio ao festival Vodafone Paredes de Coura para contar uma história: a mesma história que procura contar com o álbum que anunciou que iria ser a base do seu concerto. Entre músicas, ia dando contexto ao público, convidando-o a abraçar as realidades alternativas que propunha, ao mesmo tempo que ia deixando algumas mensagens da sua interpretação da existência e da realidade atual.

No fim do concerto de Kate Tempest haviam boas e más notícias: as más eram que já não havia mais música para ouvir em Paredes de Coura; as boas eram que o festival estava só a começar. No segundo dia Car Seat Headrest, King Krule, At the drive in Nick Murphy são os principais destaques.

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